Gil anuncia a criação do Museu Congonhas do Campo, em Minas Gerais

16/12/2003 - 6h53

Brasília - O ministro da Cultura, Gilberto Gil anuncia hoje a criação do Museu Congonhas do Campo (MG), que reunirá o Centro de Referência do Barroco Mineiro e o núcleo de estudos da pedra (matéria-prima básica para a arte da região). O projeto tem patrocínio do Banco Real (R$ 3 milhões) e da Açominas (R$ 3 milhões), com captação de recursos realizada pela Lei Rounaet.

O prédio será projetado pelo arquiteto português Álvaro Siza, premiado na Bienal de Veneza com o projeto do Museu Iberê Camargo, em Porto Alegre, e terá a curadoria de Emanoel Araújo que revitalizou nos últimos anos a Pinacoteca Pública de São Paulo.

O Centro de Estudos da Pedra incluirá sala de exposições, núcleo de pesquisa e laboratório do estudo das patologias da pedra e seu tratamento. Funcionará ligado a instituições de pesquisa e ensino do Estado para a qualificação do artesanato de pedra da região; um Centro Contemporâneo de Escultura, difusor da produção artística do Estado e o Museu do Ex-voto.

Sobre a questão mais específica e polêmica que seria a retirada, ou não, dos 12 profetas de Aleijadinho do adro da Basílica, o secretário de Projetos e Programas do Ministério da Cultura, Roberto Pinho, e o coordenador nacional do Programa Monumenta, Marcelo Ferraz, responsáveis pelo projeto, seguirão estritamente os estudos técnicos. Réplicas das estátuas serão construídas utilizando altíssimo padrão tecnológico, enquanto são avaliadas as condições para colocá-las dentro ou fora do Museu. O curador Emanoel Araújo, recomenda pesquisas em diversos centros técnicos de competência e exemplifica o de Florença, Itália, com ampla tradição nos estudos da pedra.

Barroco mineiro

O Santuário de Bom Jesus do Matosinhos concentra uma das mais expressivas manifestações do Barroco Mineiro, tido pela historiografia tradicional como a própria origem da identidade artística nacional. Composto pelas obras do entalhador João Antunes de Carvalho, do escultor Francisco Vieira Servas, do ourives Felizardo Mendes, do pintor Manuel da Costa Ataíde e de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

O espaço é tradicional para o recebimento de centenas de ex-votos (fotos, cartas, fitas, objetos de cera e pessoais) abrigados na Sala dos Milagres com uma coleção de 89 ex-votos ou "milagres", tombada em 1980 pelo Conselho Consultivo da Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico.

Formado pela Basílica, o Adro, as esculturas dos Profetas do Aleijadinho e as capelas dos Passos, no alto do Monte Maranhão, o Santuário é hoje vítima do crescimento desordenado das cidades: encoberto por outras construções na encosta do morro perdeu a capacidade de revelar-se na paisagem. As edificações previstas para a demolição são do século 20, um neocolonialismo não contextualizado, sem importância arquitetônica ou artística significativas.

Área de Intervenção

A área prevista para intervenção (aproximadamente 6 mil metros quadrados) compreende o entorno do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, entre a Basílica e a Romaria e no vale situado entre as duas. Considerando os estudos preliminares para as diretrizes Gerais de Estruturação Urbana estabelecidas pelo Município, o conjunto do santuário é importante tanto por seu valor como Patrimônio Histórico quanto pela qualidade de espaço público.

A área pública está preservada e sem ocupação. Existe, porém, um conjunto de edifícios (salão paroquial, sanitários públicos e rádio) situado entre a Basílica e o vale que compromete a leitura tanto dos bens tombados como de todo o conjunto do espaço. A desobstrução considera a proteção ambiental da área pela contenção de encostas, preservação de nascentes e cobertura vegetal. A desobstrução da paisagem é necessária para uma conexão entre a liberação do visual e a ocupação do vale. O novo edifício, posicionado abaixo da linha de nível da Basílica, será ao mesmo tempo museu e parque público para lazer e convivência dos visitantes.

As informações são do Ministério da Cultura