Radiobrás ganha prêmio de mídia na Cúpula Mundial da Sociedade da Informação

11/12/2003 - 11h14

Brasília, 11/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O acesso à tecnologia ainda não chegou às comunidades carentes. No Brasil, apenas 10% da população têm acesso à internet, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Significa que 150 milhões de brasileiros estão à margem das vantagens que a tecnologia proporciona. É com o tema da exclusão digital que a Radiobrás - Empresa Brasileira de Comunicação foi escolhida para receber um prêmio internacional durante a Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, patrocinada pela Organização das Nações Unidas (ONU).

O prêmio "GPK/Panos Media Awaed", será entregue hoje, em Genebra, à chefe do Departamento de Rádio, a jornalista Márcia Detoni, responsável pela produção e apresentação da série de reportagens "O Brasil na Sociedade da Informação", para o programa Revista Brasil, da Radiobrás.

A série foi a escolhida dentre as quatro melhores reportagens sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação no combate à pobreza, vinculadas este ano na mídia impressa e eletrônica, nos países em desenvolvimento. As reportagens tiveram a colaboração de Beatriz Pasqualino e sonoplastia de Sandro Dalla Costa, técnico de som da Escola de Comunicação e Artes da Usp.

A GKP (Global Knowledge Partnership) é uma rede de organizações públicas, privadas e não governamentais, da qual participam Unesco, Banco Mundial, Comissão Européia, OneWorld International e British Council. O Instituto Panos, co-patrocinador do prêmio, é uma organização internacional sem fins lucrativos que atua na área de mídia e desenvolvimento.

A chefe do Departamento de Rádio da Radiobrás afirma que a intenção, ao produzir as reportagens, foi mostrar as revoluções que as novas tecnologias - computador, informática - têm provocado na sociedade. O trabalho abordou também como essas tecnologias têm modificado a maneira como as pessoas se relacionam, trabalham, trocam informações e produzem conhecimento.

"A série foi realizada para discutir o que significam, para o Brasil, as novas tecnologias, como elas podem ser utilizadas no desenvolvimento e qual o risco que o país enfrenta se não levar a tecnologia às camadas mais carentes da população", diz Márcia Detoni.

Ela enfatizou que, segundo especialistas, se o Brasil não promover a inclusão digital, a desigualdade no país vai aumentar. "Todas essas pessoas que não têm acesso à tecnologia não terão também acesso a empregos, informação e entretenimento", acrescenta.

Para a chefe do Departamento de Rádio da Radiobrás, a inclusão digital já está ocorrendo em algumas cidades brasileiras por meio de ações do governo federal. Entre elas, a instalação de telecentros em cada um dos seis mil municípios. O Ministério das Comunicações, em parceria com ONGs e prefeituras, também tem planos de instalação de telecentros em periferias e comunidades carentes.

Percebe-se, conforme destacou, que existem no Brasil iniciativas pioneiras e positivas, além de vontade política do governo de promover a inclusão digital. "Mas é preciso que haja uma mobilização maior com a sociedade sobre o tema para que a gente consiga realmente incluir 150 milhões de pessoas. É uma tarefa gigantesca que, se for realizada, podemos obter resultados fenomenais em termos de desenvolvimento no Brasil", afirma.

A série de reportagens premiada mostra o que é essa sociedade de informação e o que ela significa para o Brasil, os projetos que estão sendo realizados nessa área para inclusão digital. Mostra que a sociedade de informação, em um país que tem tantos problemas em termos de alfabetização, também pode contar com velhas tecnologias, como o rádio, para promover a inclusão social. "Falamos da inclusão digital, mas também de outras tecnologias de comunicação como vídeo, cinema, rádio e televisão para ajudar no desenvolvimento do país e levar informação", explicou Márcia.

O último programa da série mostra que a informação isoladamente não gera desenvolvimento. "O importante é transformar a informação em conhecimento. Por isso, mostramos a importância de capacitar os professores para ensinarem os alunos a procurar melhor a informação na internet", diz a jornalista.

Em reconhecimento às reportagens realizadas, a Radiobrás foi convidada a participar de dois painéis durante o encontro da Cúpula Mundial, que acontece de 8 a 13 de dezembro. Em um dos painéis, a Radiobrás vai expor os projetos brasileiros na área de inclusão digital. No outro, será exposto o papel da mídia enquanto empresa, no processo de divulgação de problemas, propostas e de levar informação ao público, permitindo que a sociedade inicie esse debate.

Sobre esse ponto, Márcia faz uma advertência: "Infelizmente a mídia no Brasil não tem dado a atenção devida ao problema da inclusão digital. A gente fala de projetos que estão sendo realizados com relação ao computador, mas nunca fala o que significa em termos sociais a inclusão digital. Isso é um problema social. Se criarmos uma legião de excluídos eles serão ainda mais excluídos socialmente e isso precisa ser discutido também fora das páginas de tecnologia".

Segundo a jornalista, a série de reportagens insere a Radiobrás em uma discussão que é mundial e a leva também para o conjunto da sociedade brasileira. "Fizemos essa série para o rádio, transformamos as reportagens para a Agência Brasil e queremos dar continuidade à cobertura desse tema daqui para a frente", diz.