Brasília, 11/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reviveu hoje os seus tempos de líder sindical e candidato à Presidência da República. Ao participar do encerramento da 12ª Conferência Nacional de Saúde, Lula discursou para mais de três mil pessoas e foi interrompido, diversas vezes, por aplausos e gritos de apoio. A Conferência, realizada em Brasília desde domingo, discutiu os rumos da saúde pública do país.
Lula foi ovacionado desde a chegada. Ele subiu ao palanque ao som de seu jingle de campanha, vestiu o boné da Conferência e não parou de acenar para os participantes. Mesmo visivelmente cansado, depois de uma viagem de dez dias por países árabes, brincou com os participantes da Conferência. "Aqui para vocês são nove horas. Mas para mim, é como se fosse meia noite".
O presidente Lula se comprometeu "a batalhar, cada vez mais, pela saúde pública brasileira". Ele pediu aos participantes da Conferência que cobrem do governo ações concretas que melhorem o acesso a serviços como o Sistema Único de Saúde. "Não tenham medo de cobrar do governo. Muitas vezes precisamos ser cobrados para não esquecermos os compromissos com a saúde neste país. Depois de perder três eleições, de ganhar, a gente não pode decepcionar esses milhões de brasileiros que acreditaram. Que vocês regressem (aos seus estados) com a convicção que vocês têm na Presidência não só um presidente, mas um companheiro antes, um companheiro presidente, e que pretende continuar sendo companheiros depois de deixar a Presidência", enfatizou.
O presidente ressaltou que o seu mandato de quatro anos é passageiro, mas que a população luta por benefícios da saúde há mais de 15 anos – e por isso deve continuar lutando. Lula admitiu, porém, que ainda há muito por ser feito na área de saúde. "Esse país tem que fazer muito mais do que está sendo feito para fazer a política que vocês lutam há tantos anos", admitiu.
Lula também não economizou palavras para elogiar o ministro Humberto Costa. Na avaliação de Lula, o ministro da Saúde é a prova que o governo está "cada vez mais comprometido" a não inventar políticas de saúde, mas colocá-las em prática. "É um compromissos que não tem ideologia", enfatizou. O presidente ressaltou, ainda, que os modelos de saúde de diversas prefeituras do PT já demonstraram êxito e poderão ser referência para o resto do país.
Depois do discurso, mais uma homenagem. Lula foi surpreendido com um "clip" no telão com imagens desde a sua infância, passando por seu tempo como sindicalista, parlamentar, candidato e, enfim, presidente da República. Ele retribuiu com muitos acenos e, até conseguir chegar ao carro da Presidência, parou várias vezes para tirar fotografias e distribuir autógrafos. "Eu não posso descer para dar um abraço em cada um senão não saio daqui", brincou.