Brasília - Durante três dias, o seminário "Povos resistentes: a presença indígena em Mato Grosso do Sul", uma ação estruturante do Programa Fome Zero iniciada ontem (10) em parceria com o governo estadual, pretende levantar discussões e garantir assessoria técnica no desenvolvimento de políticas específicas para cada uma das etnias. Após plenária no final do encontro, segundo o gestor de educação escolar indígena, Wanderley Dias Cardoso, será elaborada a Carta de Corumbá, com as decisões finais.
O seminário se realiza no anfiteatro do Banco do Brasil em Corumbá (MS), onde cem representantes de comunidades indígenas participam de palestras e oficinas ministradas por professores convidados e técnicos da Secretaria de Educação. Eles vão elaborar propostas para a construção efetiva de escolas indígenas nas suas aldeias, com ensino intercultural e bilíngüe. A luta pelo reconhecimento étnico no Brasil e os desafios da educação escolar indígena também serão alguns dos temas abordados. Haverá um horário destinado ao depoimento de experiências de representantes dos ofaié, guató, kamba, kinikinawa e atikum.
De acordo com o técnico pedagógico da Gestão de Processos em Educação Escolar Indígena, Fábio Lopes, "o propósito do evento é ‘descobrir’ quem são esses povos, valorizá-los e manifestar a preocupação em afirmar suas culturas. O índio precisa se reconhecer como índio. O que acontece hoje é um grande preconceito para com o indígena".
Alguns desses povos resistentes não possuem sequer território próprio, como é o caso dos atikum e kinikinawa. Os primeiros vivem em terras terenas, em Nioaque, e os kinikinawa, em área kadiwéu, no município de Porto Murtinho. Quanto aos ofaié, estes tiveram a população reduzida ao longo dos anos; hoje são apenas 28 em todo o país, concentrados em Brasilândia.
Mato Grosso do Sul possui a segunda maior população indígena do país, com nove etnias existentes, sendo cinco delas reconhecidas recentemente: guató, ofaié, kamba, kinikinawa e atikum. São quase 55 mil indivíduos e, sem políticas públicas de atendimento, sua cultura corre o risco de ser esquecida. A reunião desses povos num encontro é uma iniciativa em busca de alternativas em educação para que os indígenas recebam conhecimentos universais sem que percam seus costumes e identidade.
Entre as demais ações do Fome Zero, realizadas na área da educação, estão encontros, formação e capacitação de professores indígenas, preservação e revitalização das línguas nativas e atendimento e implementação das escolas indígenas.
As informações são do Programa Fome Zero e do Governo do Estado de Mato Grosso do Sul