Brasília, 11/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Diretório Nacional do PT decide, neste fim-de-semana, se expulsa a senadora Heloísa Helena (AL) e os deputados João Fontes (SE), Luciana Genro (RS) e Babá (PA), que desobedeceram a uma decisão partidária e votaram contra a reforma da Previdência na Câmara e no Senado. O voto a favor da reforma era questão fechada no partido. Além disso, os quatro parlamentares têm feito criticas ao governo Lula.
Ao analisar os processos de expulsão, a Comissão de Ética do partido decidiu, por três votos a dois, pela expulsão dos chamados "radicais". Domingo (14), eles serão julgados pelos 81 membros do Diretório Nacional, que se reunirá em Brasília, no Hotel Blue Tree Park. Cada um dos quatro parlamentares terá 15 minutos para fazer sua defesa, oralmente, e também por escrito. O primeiro será João Fontes, às 10h30.
Em seguida, a senadora Heloísa Helena e os deputados Babá e Luciana Genro apresentarão sua defesa. Nenhum dos quatro levará advogado. Babá, Luciana Genro e João Fontes, que não tem esperança de continuar no PT, não pretendem recorrer da decisão do diretório e querem formar um novo partido. A senadora Heloísa Helena, entretanto, continua alimentando a esperança de não ser expulsa. "Esse processo é de cortar o coração. Dei o melhor de minha vida ao PT e, agora, estou sendo ameaçada de expulsão", disse ela.
Nos últimos dias, ocorreram diversas manifestações tentando sensibilizar a direção nacional do partido e evitar a expulsão. Hoje, um manifesto assinado por 34 deputados e cinco senadores que são contra a expulsão foi entregue ao presidente do partido, José Genoino, e encaminhado ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No manifesto, os parlamentares pedem reconciliação e afirmam: "Gestos de grandeza elevam quem os pratica. O momento é de repactuação, não de expulsão".
O manifesto foi lido, na tarde de hoje, em ato no Salão Verde da Câmara, na presença de vários deputados, de alguns senadores e de dezenas de militantes do PT. Nele, os parlamentares afirmam que, ao terminar o primeiro ano do governo petista, "com toda carga histórica, contradições e asperezas da dura transição", têm expectativa de "uma agenda positiva para o Brasil em 2004, onde cresçam a economia real, a justiça e a cidadania plena".
Dos quatro ameaçados de expulsão, a única que compareceu ao ato foi Heloísa Helena, que chorou muito, ao receber manifestações de apoio e carinho dos companheiros de partido. Os três deputados estão em seus estados de origem, também participando de manifestações, e só chegam a Brasília sábado de manhã para participar da reunião do Diretório Nacional.
Para amanhã (12), estão previstas manifestações contra a expulsão dos parlamentares no Rio de Janeiro, em São Paulo e em Curitiba. Sábado à noite, o protesto será em Brasília. Domingo (13), dia do julgamento, haverá concentrações na Esplanada dos Ministérios, a partir das 8 horas. Os manifestantes deverão acompanhar os parlamentares até o local da reunião do diretório.
O presidente Lula, que é membro do diretório, não deverá comparecer ao julgamento no domingo. No sábado, será feito um balanço do primeiro ano do governo petista. No dia seguinte, a reunião começará apreciando o pedido feito por parlamentares petistas, de afastamento do governador de Roraima, Flamarion Portella (PT), até que se encerrem as investigações no Estado. Em seguida, terá início a sessão de julgamento dos quatro parlamentares. A decisão será tomada através do voto nominal dos membros do Diretório Nacional e deverá ser anunciada no fim da tarde.