Bancários se mobilizam contra demissões nos bancos privados

11/12/2003 - 16h05

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo, – Depois de constatar que as demissões nos bancos privados vêm se intensificando no final deste ano, a Confederação Nacional dos Bancários (CNB/CUT) lançou nesta quinta-feira, uma campanha contra as demissões no setor. No próximo dia 18, a CNB mobilizará os cerca de 300 mil funcionários de bancos privados para um dia nacional de paralisação, cobrando a garantia dos empregos. Caso os bancos não atendam à reivindicação, não está descartada a possibilidade de greve.

Segundo o presidente da CNB/CUT, Vagner Freitas, só em 2003 foram demitidos cerca de sete mil trabalhadores. Os alvos principais da campanha "Demissão tem cara. Responsabilidade social se faz com emprego" são o Bradesco, Santander, HSBC e o ABN/Real. Os sindicalistas dizem que o HSBC e o Santander, cujo acordo de garantia de emprego chegou ao fim, e não será renovado, pode realizar centenas de demissões. O ABN/Real, que nesta semana demitiu 200 funcionários, sinaliza a continuação do processo de redução do quadro de funcionários ao longo de 2004, mantendo 24 mil dos 29 mil empregados atuais.

Já o Bradesco, segundo a CNB/CUT, deve demitir 12 mil trabalhadores no primeiro trimestre de 2004, salientou Freitas. "Nós temos informações seguras de que o Bradesco pretende demitir e estamos fazendo um desafio à direção do banco. Queremos que o Bradesco venha a público e diga que não fará as 12 mil demissões", afirmou. O Bradesco emprega 66 mil funcionários no Brasil inteiro. O Bradesco, por meio da assessoria de imprensa, afirmou que não tem programa de demissões.

Freitas disse que principal motivo para as dispensas são as fusões. Com a aquisição de outras empresas os bancos precisam adequar seus processos de trabalho, culminando na renovação da mão-de-obra. "Há um processo de seleção interna e na maioria dos casos, são demitidos funcionários próximos da aposentadoria e com problemas de saúde, trocados por mão-de-obra mais barata", ressaltou ele, que cobra dos bancos a responsabilidade social. "O setor que mais lucra e arrecada neste país está estabelecendo um processo de demissão", finalizou.