Amorim diz que G-20 não flexibiliza posição antes das negociações na OMC

11/12/2003 - 20h02

Brasília, 11/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse pouco antes do jantar oferecido aos participantes da reunião ministerial do G-20 – grupo dos 19 países em desenvolvimento que briga por uma maior abertura nas negociações da Alca -, que o grupo não vai flexibilizar a sua posição antes das negociações na Organização Mundial do Comércio (OMC) para a conclusão da rodada de Doha.

"Flexibilização a gente só faz quando negocia. Quando senta à mesa e negocia e vê em que o outro flexibiliza, aí a gente flexibiliza. Só quem flexibiliza antes da hora é quem sabe negociar", argumentou.

Amorim destacou que não se trata de uma postura intransigente, mas de saber jogar o momento certo de ceder. Mas deixou claro que os países desenvolvidos também têm que ceder. "Quem tem que flexibilizar mais é quem sempre manteve subsídios agrícolas, quem sempre manteve políticas que torna difícil aos países em desenvolvimento tenham condições de ter acesso aos mercados".

Amorim disse que a presença de representantes de países tão distantes, como Egito, Índia e China é uma demonstração de que o G-20 já se consolidou como um forte interlocutor nas mesas da OMC. "O G-20 é plenamente reconhecido como um ator indispensável nas negociações comerciais em agricultura", ressaltou, acrescentando que o grupo dos países em desenvolvimento revolucionou a maneira de
trabalhar do organismo. "A OMC não trabalha mais da mesma forma. Provocamos uma dinâmica em que a voz dos países menores, em desenvolvimento, pode ser ouvida", afirmou.

O chanceler enfatizou também que "pela primeira vez uma coalizão quer juntar duas coisas separadas: liberalização comercial e justiça social".

O G-20 se reúne até amanhã, no Palácio do Itamaraty, para coordenar uma posição conjunta a ser apresentada na próxima reunião da OMC, no dia 15 de dezembro, em Genebra (Suiça).