Mario de Freitas
Repórter da Rádio Nederland

Tóquio - Segundo a imprensa japonesa, cerca de 600 soldados encarregados de assistência humanitária serão enviados ao sudoeste do Iraque a partir de fevereiro do próximo ano. Hoje os jornais japoneses comentavam os riscos que este passo representa para a política e a sociedade japonesa nos próximos anos.

Enquanto alguns órgãos da mídia falavam da responsabilidade "histórica" outros preferiam reafirmar o perigo do Japão entrar numa guerra externa que não tem nada a ver com os interesses políticos ou econômicos do país. O governo japonês aprovou o envio de um contingente de 600 soldados das Forças de Autodefesa, uma unidade não combatente do exército japonês.

O primeiro-ministro Junichiro Koizumi decidiu que o Japão não deve apenas dar uma contribuição financeira, mas demonstrar claramente sua aliança político-militar com os Estados Unidos através de um ato significante que chamou de «contribuição pessoal». O governo do Japão também prometeu cinco bilhões de dólares para a reconstrução do Iraque, a partir deste ano até o ano de 2007. O maior jornal japonês, Yomiuri Shimbun qualificou esta decisão de histórica, mas também de direita e pró-norte-americana, embora ache que esta responsabilidade assumida pelo Japão deriva dos compromissos internacionais que o País tem de assumir no cenário mundial.

Protestos

Muitas dezenas de militantes pacifistas se manifestaram próximos à residência do primeiro-ministro, acusando-o de trair a Constituição do Japão e de explorar o recente assassinato de dois diplomatas japoneses no Iraque. Os dois diplomatas foram mortos em 29 de novembro passado perto da cidade de Tikrit, ao norte de Bagdá, quando viajavam num jipe sem proteção armada e caíram numa emboscada ao parar para tomar um lanche no meio do caminho. Eles iriam participar de uma Conferência sobre a Reconstrução do Iraque. Foram as primeiras vítimas do Japão desde o começo da guerra em 20 de março deste ano