Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília, - A recomendação da Comissão de Anistia em conceder o título de general ao ex-coronel do Exército, Apolônio de Carvalho vem causando polêmica. O Exército divulgou nota, rejeitando a indicação. Segundo a nota, a promoção a oficial-general obedece a uma sistemática perfeitamente definida, e que Apolônio não se enquadra nos quesitos.
"Tal ato contraria frontalmente a legislação em vigor. Foram-lhe concedidos, pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, com base em contagem do seu tempo de serviço, tão somente os proventos de general-de-brigada", diz a nota.
O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos disse que está esperando a recomendação da Comissão de Anistia e que vai submetê-la a consultoria jurídica para ver se existe alguma observação legal. "Se não existir vou levar ao Presidente", afirmou. "O Apolônio Carvalho é um homem que merece todos por todos os títulos qualquer distinção que se lhe dê no Brasil. Ele é um herói de muitas pátrias, lutou na Espanha, na França, lutou no Brasil. Ele enfrentou a ditadura militar no Brasil com muita honra e com muita força", considera o ministro.
Apolônio de Carvalho foi anistiado no último dia cinco de dezembro. Chamado de "herói de três pátrias", o ex-coronel é um dos símbolos da luta contra a ditadura no país. Chegou a ser expulso do Exército por se opor ao governo de Getúlio Vargas e foi voluntário das Brigadas Internacionais. Exilado, lutou na guerra civil espanhola e na resistência francesa. Em dezembro de 1946, de volta ao Brasil, participou ativamente da vida política do País.
Preso e torturado pelo Regime Militar foi banido em junho de 1970 juntamente com outros presos políticos, em decorrência do seqüestro do embaixador da Alemanha. Em outubro de 1979 retornou ao Brasil, sob a proteção da Lei de Anistia daquele ano. Em fevereiro de 1980 participou da fundação do Partido dos Trabalhadores. Hoje, ele tem 92 anos, é casado com uma francesa, tem dois filhos e mora no Rio de Janeiro.