Brasília, 10/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O presidente em exercício, José Alencar, disse há pouco, na abertura da conferência internacional "Caminhos para um novo contrato social - estratégias de desenvolvimento e concertação", que o país não alcançará o desenvolvimento
sustentado enquanto houver altas taxas de juros. Alencar cobrou a adoção de uma política monetária menos restritiva, com redução das taxas. "É preciso que nós possamos construir
no Brasil uma cultura que nos afaste de uma vez por todas da aceitação dos custos de capital, que são um despropósito no nosso país. Nós não podemos assistir passivamente uma dona de
casa pagando 8% de juros ao mês para comprar um bem de consumo que representa um custo da ordem de 150% ao ano", afirmou.
José Alencar ressaltou que o setor produtivo paga alto pelo custo de capital. "O capital é apenas um dos fatores de produção", disse ele, lembrando que os empresários precisam remunerar também outros fatores, como o trabalho, a tecnologia e o conhecimento. Alencar foi fortemente aplaudido quando afirmou que "nós não podemos aceitar que apenas um desses fatores, que é o custo de capital, receba uma remuneração superior a toda remuneração que pode ser oferecida por aquela determinada atividade".
O presidente ressalvou que não se trata de fazer oposição, porque o governo precisou, no inicio, adotar essas políticas. "Todos sabem que nós assumimos há 11 meses com uma situação de inflação que recrudecia e ameaçava". Lembrou que essa situação levou o país a construir, no primeiro trimestre, superávit primário de 6,3% do PIB. "Nesse mesmo trimestre tivemos custos da dívida de mais de 12% do PIB, o dobro daqueles 6,3%", destacou. Alencar lembrou também que "o pais precisou adotar uma política fiscal ultraconservadora e uma politica monetária
ultrarrestritiva, mas, para que haja desenvolvimento será necessário flexibilizar a política monetária. Poderíamos e ainda podemos sair dessa armadilha, com responsabilidade, com a manutenção de conservadora política fiscal, mas não podemos acumular uma política fiscal utraconservadora com uma política monetárias ultrarrestritiva".
O presidente em exercício concluiu a sua fala com um trocadilho no verso do Hino Nacional, que diz "deitado eternamente em berço explêndido". "Eu substituiria, respeitando a métrica ‘Desperto eternamente em solo explêndido".