Rio, 8/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Após três meses de crescimento, a produção industrial brasileira caiu, em outubro, 0,5% em relação a setembro, quando houve uma forte alta de 4,1%. O aumento acumulado entre junho e setembro é 7,1%. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgados nesta segunda-feira, esse comportamento não significa o início de uma redução na atividade industrial, já que a queda está concentrada apenas nos setores de alimentos (-1,6%), farmacêutica (-4,4%) e química (-0,7%).
Em relação a outubro de 2002, a atividade industrial aumentou 1,1%. No acumulado de janeiro a outubro, a indústria apresenta estagnação, com crescimento zero e nos últimos 12 meses, até outubro, de 0,8%. As indústrias metalúrgica e de material de transporte vêm registrando taxas positivas há seis meses consecutivos. Entre abril e outubro deste ano, a metalúrgica cresceu 5,2% e material de transporte 17,3%.
Segundo o coordenador de indústria do IBGE, Sílvio Salles, na comparação com o mês anterior, houve crescimento dos segmentos de bens de consumo duráveis (automóveis e eletrodomésticos) e de capital (máquinas e equipamentos), com taxas de 1,8% e 3,8%, respectivamente. Por outro lado, os setores de bens de consumo semi e não-duráveis (roupas, bebidas e alimentos) apresentaram crescimento zero em outubro, "porque dependem do mercado interno e foram influenciados pela queda na renda do trabalhador", disse Salles.
Em relação a outubro de 2002, a produção fabril aumentou 1,1%, sendo que a indústria de transformação, com taxa de 1,2%, atingiu crescimento superior ao da extrativa mineral, de 0,2%. Onze ramos industriais apresentaram expansão e os maiores impactos positivos vieram de mecânica (7,8%), química (4%) e material elétrico e de comunicações (9,2%).
Nestas indústrias, segundo Salles, destaca-se o comportamento de produtos como tratores agrícolas, fertilizantes compostos e aparelhos de televisão. Entre os nove ramos que assinalaram queda de produção, os que mais pressionaram a média global da indústria foram os produtos alimentares, com queda de 3,8%, farmacêutica, com -16,9% e minerais não-metálicos, com -6%, este último influenciado pela queda na fabricação de suco de laranja, antibióticos e cimento.
Ainda na avaliação de Salles, além da manutenção de um ritmo forte na produção de máquinas e equipamentos para a agricultura (20,6%), vale citar também os resultados favoráveis de bens de capital para o setor de energia elétrica (11,9%) e para fins industriais (6,7%). Na área de bens intermediários, destacam-se positivamente os subsetores peças e acessórios para bens de capital (25%), peças e acessórios para equipamentos de transporte industrial (4,7%) e insumos industriais elaborados (0,8%). A produção de embalagens (-7%) e a de insumos para construção civil (-11,2%) mantiveram resultados negativos.
Salles destaca que os dados de outubro mostraram manutenção da trajetória positiva na produção nos índices de média móvel trimestral, que é considerado o principal indicador de tendência. A pesquisa mostra que o trimestre encerrado em outubro supera em 1,8% o nível de produção de setembro.