Policiais federais mantém greve e ameaçam suspender emissão de passaportes

08/12/2003 - 18h03

Brasília, 8/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Em assembléia realizada no final da tarde de hoje, os policiais federais do Distrito Federal decidiram manter a greve deflagrada há uma semana. A partir de quarta-feira até a emissão de passaportes, um dos poucos serviços ainda ativos, será interrompida. A informação é do presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Distrito Federal, Fernando Honorato. Ele estima que dos 1.200 policiais federais, mil estão paralisados.

Honorato previu que até quinta-feira os policiais federais estarão paralisados em 15 estados. A meta, conforme informou é que as atividades estejam paralisadas em todas as superintendências regionais do país até a segunda quinzena de dezembro. Amanhã será a vez dos Estados de Alagoas e Pernambuco decidirem a adesão ao movimento em suas assembléias.

Só os serviços essenciais ou operações em em curso serão mantidas. "A idéia é manter em funcionamento apenas as operações Anaconda (que desvenda a ação de uma quadrilha de venda de sentenças, com envolvimento de juízes, em São Paulo), e Gafanhoto (que está desmontando um gigantesco esquema de fraudes na folha do funcionalismo) em Roraima", disse o presidente do Sindicato.

Segundo o dirigente, até as investigações sobre o combate ao narcotráfico no Rio de Janeiro já começam a ser reduzidas a partir de amanhã. Honorato explicou que a categoria não está reivindicando aumentando salarial, mas o cumprimento da Lei 9.266, de 1996, que prevê o pagamento de vencimentos de nível superior a todos os policiais federais, mesmo aos que são de nível médio. "O governo está nos empurrando com a barriga", reclamou.

O atendimento do pleito dos policiais representaria um aumento de quase 40% nos vencimentos da categoria, que passariam de R$ 3.500,00 para R$ 5.700,00. Em todo o Brasil, existem hoje quase 8 mil policiais federais, incluindo delegados, agentes, escrivães e papiloscopistas. Para atender ao pleito, será necessário um acréscimo de R$ 528,9 milhões no orçamento da Polícia Federal em 2004.

A Divisão de Comunicação Social da Polícia Federal em Brasília informou que a direção da instituição, o Ministério da Justiça e a Justiça Federal, em primeira instância, já reconheceram o direito dos policiais aos vencimentos de nível superior. O diretor-geral da PF, delegado Paulo Lacerda, já encaminhou ao ministro da Justiça, Márcio Thomas Bastos, ofício solicitando gestões junto ao ministério do Planejamento e à Comissão Mista de Orçamento do Congresso Nacional, para que seja recomposto o orçamento da corporação.