Biquínis brasileiros chegam aos países árabes

08/12/2003 - 16h37

Isabela Campos
Repórter da Agência Anba

São Paulo - A estratégia é levar a moda praia brasileira para os países árabes. Alguns desses mercados estão nos planos da Associação Brasileira da Indústria Têxtil (Abit) para 2004, devendo entrar na rota dos principais destinos das nossas exportações. Hoje, segundo a Abit, o Líbano responde por 1,5% das vendas externas dos biquínis e maiôs fabricados no Brasil. Já os Emirados Árabes compram 0,5% das peças de moda praia que saem do país.

A associação faz parte da missão comercial brasileira que está nos países árabes. "Os países árabes são potenciais compradores da moda praia e de outros segmentos da indústria têxtil brasileira", afirma Rossildo Faria, diretor de operações da Abit.

Segundo Faria, as exportações da moda praia devem apresentar um crescimento de 78% em 2003, fechando o ano com US$ 13 milhões em biquínis e maiôs vendidos para fora. "Estamos crescendo pela maior visibilidade do segmento. A nossa moda praia é famosa pelo design diferenciado das peças e competitiva pelos preços que conseguimos oferecer", explica.
De acordo com o diretor de operações da Abit, a variação média de preços dos biquínis brasileiros lá fora está entre US$ 8 e US$ 40.

Padrão brasileiro

As peças a serem vendidas nos países árabes e até em outros mercados, como nos Estados Unidos e na Europa, normalmente passam por adaptações de tamanho e modelagem. "As estampas e o acabamento são iguais, pois os consumidores do exterior querem o padrão brasileiro em moda praia, com mudanças sobretudo no tamanho e nos tipos de corte das peças", explica Faria.

Além do Oriente Médio, a Abit quer trabalhar novos mercados como a África e a Ásia em 2004. Nesses locais, a meta é intensificar a participação em feiras e missões comerciais, desenvolvendo ações mais fortes de divulgação dos nossos produtos. O atual principal comprador dos nossos biquínis são os Estados Unidos, que respondem por 35% das exportações brasileiras.
A Itália vem em segundo lugar, com 20% de participação, seguida por Portugal, com 17%. "São mercados importantes já conquistados, sobretudo pelo fato de que esses países valorizam muito o design das peças", afirma Faria.

Além da moda praia, fazem parte das ações da Abit durante a missão comercial aos países árabes segmentos da indústria como o jeans e as peças para cama, mesa e banho. No que se refere aos biquínis, um dos desafios da associação será o de conhecer melhor os hábitos e preferências dos consumidores árabes. "A idéia é desvendar os aspectos culturais ligados ao uso da moda praia para seguir ganhando mercado", diz Faria.

Grandes e pequenas confecções

Em termos de produção, o diretor de operações da Abit explica que os biquínis e maiôs exportados do Brasil são produzidos tanto por pequenas confecções reunidas em consórcios quanto por fabricantes de grande porte e marca reconhecida internacionalmente.
"Com 8 mil quilômetros de praias, temos uma vocação natural para produzir moda praia. Na prática, os pequenos normalmente entram com a oferta de peças diferenciadas, com o uso de materiais como as pedrarias nos biquínis, por exemplo", afirma.

A indústria têxtil brasileira é formada por 30 mil empresas entre tecelagens, malharias, confecções, estamparias e fiações, entre outras. Em 2002, o setor faturou US$ 22,7 bilhões, envolvendo um total de 1,5 milhão de empregos diretos.

Trata-se do sétimo maior pólo têxtil do mundo, tendo registrado um superávit na balança comercial do setor de US$ 157 milhões em 2002. Entre janeiro e outubro de 2003, o superávit já chega a US$ 46 milhões. O mês de outubro, aliás, foi o responsável pelo melhor desempenho nas exportações ao longo do ano: US$ 173,4 milhões, o que significa um aumento de 61% em relação ao mesmo período de 2002.

A meta da Abit é fechar o ano com exportações totais de US$ 1,6 bilhão, diante de US$ 1,3 bilhão no ano passado.