Brasília, 8/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Previdência, Ricardo Berzoini, disse hoje que a Previdência Social no Brasil é igual à sogra: todo mundo fala mal sem saber por quê. Apesar da comparação, Berzoini ressaltou que gosta de sua sogra. Um dos pontos criticados, segundo ele, é a questão do subsídio da aposentadoria dos trabalhadores rurais. Falando a funcionários na abertura do Encontro Nacional de Recursos Humanos do INSS, o ministro defendeu que o sistema previdenciário prevê a proteção social a pessoas que não tiveram capacidade de contribuir.
Berzoini acredita que existe um lobby do setor privado para desacreditar a previdência pública. Ele comentou que não é gratuita a projeção de especialistas de que o déficit do Instituto Nacional da Seguridade Social (INSS) superará, pela primeira vez, o do setor público, em 2004.
"Na verdade, nós temos no Brasil hoje grupos interessados em prejudicar a imagem da previdência pública porque enxergam nesse imenso montante de mais de R$ 100 bilhões uma oportunidade de lucros", disse Berzoini.
O ministro acrescentou que a política do governo é defender o sistema previdenciário público e sem fins lucrativos, sendo um sistema de gerenciamento de renda nacional. Com isso, o objetivo é arrecadar de toda sociedade para garantir a sobrevivência dos idosos e dos que sofrem acidentes de trabalho ou outros tipos de restrições.
Nesta segunda-feira, o ministro recebeu o relatório final do grupo de trabalho sobre a inclusão das mulheres na previdência social. Entre as sugestões, estão a de criar uma contribuição menor para as donas-de-casa, como trabalhadoras domésticas.
Dos cerca de 5,8 milhões de empregados domésticos, quase 93% são mulheres. Sendo que a grande maioria (74,2%) não tem carteira assinada ou contribui para a previdência. Hoje, cerca de 42% das famílias são sustentadas por mulheres. Apesar disso, a taxa de exclusão das mulheres da previdência social é 40% maior que a dos homens.
Outra sugestão do grupo de trabalho é a de garantir o compartilhamento dos benefícios previdenciários entre o casal, quando um dos companheiros não tiver renda própria. A idéia é que, se houver divórcio, o tempo de contribuição seja dividido em partes iguais entre os dois. Assim, a mulher que se dedicou à família não ficará desprotegida por não ter contribuído para a previdência.