Brasil tem que ser ator principal e não coadjuvante no cenário internacional, diz presidente

07/12/2003 - 12h08

Por: Marcos Chagas e Murilo Ramos
enviados especiais aos Emirados Árabes

Dubai, 07 (Emirados Arabes) – (Agência Brasil - ABr) - China, Russia e Índia sao prioridades na relacoes exteriores do Brasil. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou hoje, em entrevista na cidade de Abu Dhabi, que é estratégia brasileira incrementar o fluxo comercial e estreitar os laços com esses paíse porque podem reforçar a posição brasileira nas grandes negociações internacionais.

Disse, ainda, que a visita ao Oriente Médio também é oportunidade de reforçar o G-20, grupo criado durante conferência da Organização Mundial do Comércio em Cancun, no México, para discutir assuntos como agricultura de forma mais equilibrada. "Precisamos trocar experiencias para entrar no cenário internacional como ator principal e não como coadjuvante".

Afirmou que não quer provocar um choque com países ricos, ao fortalecer o G-3 (Brasil, Índia e África do Sul), mas simplesmente fazer valer a vontade dos paises em desenvolvimento nas relações econômicas e comerciais.

Ressaltou que o Brasil estuda abrir um escritório de representação comercial no Iraque. Citou a construção civil como forte concorrente para ganhar mercado no país ocupado pelos Estados Unidos. "Não ficamos devendo nada a absolutamente a ninguém". Ratificou a postura brasileira de que as Organizações das Nações Unidas devem intervir o quanto antes, a fim de que a
população iraquiana possa escolher seu presidente.

Conflito no Oriente Médio

Lula destacou que o país defende, também, a participação das Organizações das Nações Unidas para solucionar o caso. Defendeu, também, o fortalecimento das instituições multilaterais. "O desejo da paz é de todos os países democráticos. Sabemos que é dificil, mas não impossível.

Salientou que as declarações em favor da desocupação dos territórios palestinos não foi feita para contrariar os americanos. "Nenhum país respeita a subserviência. Disse ao presidente no ano passado que não concordava com a Guerra no Iraque e que a única Guerra que interessava era a de combate à fome. Nós somos um país que tem soberania. E soberania pressupõe
ser dono do meu nariz. O problema é que no Brasil, de vez em quando, há gente mais americana que os próprios americanos.

Viagens

Disse que no ano de 2004 viajou muito "para plantar sementes", que deram resultado. Ilustrou com o caso da África do Sul. Segundo o embaixador brasileiro, naquele pais, mais empresários e ministros tinham viajado em nove meses do governo Lula do que nos últimos oito anos. "Nós temos que aproveitar esse momento histórico", disse. Entretanto, adiantou que vai ficar mais tempo no país.

Adiantou que em 2004 o mais importante vai ser consolidar o trabalho iniciado neste ano. E falou que os ministros das Relações Exteriores e do Desenvolvimento vão ter muito trabalho.

Reforma tributária

O presidente disse que as reformas no Congresso são o resultado do grau de confiança da população que esta fazendo a reforma. "A reforma que vai sair do Congresso Nacional é a reforma que a cabeça política dos políticos brasileiros permite que saia". (Murilo Ramos e Marcos Chagas)