Brasília, 3/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Ministério da Saúde desmentiu hoje que estão faltando recursos para o tratamento de hemodiálise, segundo denúncia do diretor da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), Rui Barata. Ele disse que os recursos pagos pelos SUS para as sessões de hemodiálise são insuficientes para cobrir os custos e que a médio e longo prazo, os pacientes serão prejudicados.
O diretor de Atenção Especializada, do Ministério da Saúde, Ademar Arthur Chioro, disse que a denúncia "reflete um jogo de interesses" para aumentar a verba destinada pelo Ministério às clinicas e hospitais que realizam esses serviços. "Nós não podemos aceitar uma pressão sem justificativa técnica", afirmou.
Chioro informou que o Ministério realizou recentemente um levantamento que apontou R$ 109 o valor necessário, incluindo a base de lucro, para cobrir os gastos com cada sessão de hemodiálise. Com os 10,25% de reajuste desse ano, o Ministério paga R$ 113 por cada sessão. "Causa muita estranheza para o Ministério da Saúde que esses recursos sejam insuficientes", disse.
O diretor da SBN, Rui Barata, contesta o levantamento feito pelo Ministério, por entender que não considerou diversos aspectos importantes, e por isso não deve servir de base para o reajuste. "Esse estudo foi totalmente distorcidos por funcionários do Ministério da Saúde", denunciou. Ele citou o exemplo do preço de uma auxiliar de enfermagem, que na planilha do Ministério teria um salário de R$ 560. Para Barata, esse preço é impraticável em cidades como São Paulo. "Sabemos da boa vontade do Ministério sobre essa questão, mas não há como negar que houve má fé no estudo", afirmou.
Este ano, o Ministério credenciou 18 novos serviços de hemodiálise. Chioro informou que serão credenciados mais três novos serviços em Goiânia, sendo um no Hospital Geral de Goiânia. "Se não fosse um setor lucrativo, não teriam novas adesões de credenciamento na rede SUS", rebate o diretor do Ministério da Saúde.
O Brasil tem mais de 50 mil pacientes com doença renal crônica e gasta cerca de R$ 1 bilhão por ano com o tratamento desses doentes, incluindo as hemodiálises.
