Álvaro Bufarah
Repórter Agencia Brasil
São Paulo – Para o embaixador brasileiro na Síria, Eduardo Roxo, a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que se inicia hoje ao país apresenta duas possibilidades reais de ampliação de investimentos. A primeira diz respeito ao aumento da importação do açúcar brasileiro, que em 2002 foi responsável por mais da metade dos US$ 87,5 milhões de dólares exportados para aquele país. A segunda refere-se a contratação de empresas brasileiras do setor de construção civil para trabalhar em grandes obras como a construção de estradas, pontes e prédios.
Segundo Roxo, a Síria pode oferecer ao Brasil uma posição estratégica para o comércio na região, pois possui uma saída para o Mar Mediterrâneo e faz fronteira com o Líbano e com o Iraque, o que representa uma possibilidade interessante para o escoamento das exportações brasileiras. Além disto, 70% da economia do país baseasse na exportação de petróleo e 25% na agricultura, possibilitando boas parcerias para as empresas brasileiras em ambos os setores.
A balança comercial entre os dois países é favorável às exportações brasileiras, tendo movimentado em 2002 US$ 91,18 milhões, registrando um aumento de 18% em relação ao ano anterior. O Brasil exporta café, açúcar, produtos alimentícios, papel e celulose e automóveis podendo ampliar sua participação nas áreas de serviços.
Para Roxo, esta visita é histórica já que o presidente Lula é o segundo chefe de Estado brasileiro a visitar a Síria em mais de 100 anos. O último foi o imperador Pedro II que esteve em Damasco em 1876. "Só por este aspecto podemos avaliar a grande importância desta visita para as relações entre os dois países", declara o diplomata. Ele lembra da grande afinidade entre os dois povos, especialmente, em função da colônia sírio-libanesa residente no Brasil. Atualmente, estima-se que a comunidade árabes residente no Brasil seja de mais de 10 milhões de pessoas, entre imigrantes e seus descendentes diretos e indiretos. "Esta imagem positiva dos brasileiros é demonstrada quando há um jogo entre a nossa seleção e outro time. Os sírios torcem pela seleção verde amarela", diz Roxo.
Um ponto sensível para a agenda do presidente Lula é o conflito entre palestinos e israelenses. A Síria já foi acusada pelos norte-americanos de favorecer grupos terroristas que lutam contra o Estado de Israel. Segundo o embaixador, "o lado sírio tem interesse na discussão dos conflitos no Oriente Médio. Por isto, provavelmente este assunto estará na pauta da visita do presidente brasileiro".
Como ambos os países têm interesses comuns no comércio bilateral, o Brasil irá coordenar um encontro entre os chefes de Estados dos países árabes e dos países latino-americanos que será realizado em 2004. "Um dos principais objetivos desta reunião é promover a cooperação entre os participantes nos fóruns internacionais como nas Nações Unidas e nos
fóruns econômicos e comerciais", conclui Roxo.