MST suspende marcha que provocou confronto entre a polícia e ruralistas

03/12/2003 - 16h12

Porto Alegre, 3/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Terminou, no início da tarde, a marcha dos integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), que provocou, pela manhã, um violento confronto entre proprietários rurais e o Grupamento de Choque da Brigada Militar, em São Gabriel, no interior gaúcho. Os sem-terra, escoltados por 80 soldados, chegaram ao sítio, que teria sido comprado pelo MST próximo a fazenda Shouthal, onde montaram acampamento.

Cerca de 800 agricultores iniciaram marcha, segunda-feira (1), em direção a São Gabriel sem esclarecer o destino. Em junho, eles tiveram que desocupar, por determinação da Justiça, a fazenda Southal, com 13,2 mil hectares, mas continuaram acampados em um sitio a 12 quilômetros de São Gabriel. Os ruralistas se articularam e bloquearam a rodovia RS-630 para impedir a marcha dos sem-terra, principalmente porque a estrada passa pela Fazenda de Alfredo Southal, além de have o temor de nova invasão.

Ontem, à tarde, os líderes do movimento mostraram ao comando da operação militar, um documento, segundo o qual o MST teria comprado um sitio próximo a fazenda Soutahl, destino da marcha. Na manhã de hoje, o governador Germano Rigotto, alegando que a lei precisava ser cumprida, determinou, por meio da Secretaria de Justiça e Segurança, que a estrada fosse desbloqueada pela força, caso os ruralistas se negassem a sair.

Houve confronto entre policiais e proprietários rurais. Pelo menos três tiros foram a disparados para o ar e utilizadas bombas de gás para forçar a liberação da estrada. O prefeito de São Gabriel, Rossano Gonçalves (PDT), e o presidente do Sindicato Rural, José Francisco Costa, foram detidos e depois de ouvidos na delegacia da Polícia Civil foram liberados. O prefeito fez exames médicos no hospital local, alegando ferimentos e uma luxação no ombro, resultado de agressões feitas pelos policiais.