Brasília, 3/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) irá investir US$ 6 milhões em três anos no programa brasileiro Fome Zero. O acordo foi celebrado pelo ministro da Segurança Alimentar e Combate à Fome, José Graziano, durante a 32ª Conferência da FAO em Roma, na Itália. No início do ano, a organização internacional já havia desbloqueado US$ 1 milhão para apoiar o programa na região Nordeste.

Os recursos serão utilizados na implantação de um sistema de monitoramento e avaliação do programa Fome Zero em todo o país. Para o ministro José Graziano, o Brasil não ainda não possui uma política de segurança alimentar bem estruturada. "Vamos pedir ajuda de especialistas da FAO que vão apoiar no desenvolvimento de instrumentos e indicadores para poder avaliar as diversas ações do programa Fome Zero que serão implementadas", afirmou.

O Brasil também pedirá o apoio técnico da FAO para a agricultura familiar e elaboração dos programas de assentamentos da reforma agrária, incluídos os assentamentos para as famílias que forem retiradas de áreas indígenas que serão demarcadas.

Durante a abertura da conferência, na segunda-feira (1º), Graziano propôs uma ampla aliança internacional de combate à fome, que envolva além dos governos, empresários do mundo inteiro.

O ministro defendeu ainda o fortalecimento do Comitê de Segurança Nacional, com participação da sociedade civil. Ele reiterou a importância do Fundo Internacional de Combate à Fome, apresentado pelo presidente Lula, no Fórum Econômico Mundial em Davos, na Suíça.

Graziano afirmou ainda que a FAO, pelo poder que tem, possui condições de negociar o apoio político e os recursos necessários para acelerar os programas nacionais e internacionais de redução da fome, da desnutrição e da pobreza. Segundo Graziano, é fundamental a participação de empresários de todo o mundo, e não apenas dos governos.

Segundo relatório divulgado recentemente pela FAO sobre segurança alimentar, a estimativa é de que a população de famintos no mundo seja atualmente de 842 milhões de pessoas. Somente na África, estima-se que mais de 200 milhões são vítimas de fome crônica. No Brasil, um terço da população (algo em torno de 52,3 milhões de pessoas) é refém da insegurança alimentar. O relatório da FAO cita o Programa Fome Zero como referência para 186 países do mundo.