Xavantes podem ir à guerra contra posseiros no Mato Grosso

02/12/2003 - 19h11

Brasília, 2/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - Índios Xavantes do Mato Grosso cobram o direito de ocuparem suas terras, já demarcadas e registradas, no município de Alto Boa Vista, no nordeste do estado. A área indígena tem cerca de 168 mil hectares e está tomada por posseiros que se recusam a desocupar o local e conseguiram uma liminar na Justiça para permanecerem onde estão.

Os índios estão em Brasília para cobrar uma posição do Governo e da Justiça Federal no reconhecimento de seus direitos. Eles conseguiram o apoio de deputados federais da Frente Parlamentar de Defesa dos Povos Indígenas, de procuradores do Ministério Público e do Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos.

Os índios ameaçam entrar nas terras demarcadas e enfrentar os posseiros, que estão em vigília permanente. Para defender a tradição guerreira dos Xavantes, os índios dizem que estão prontos para o conflito, com coragem para lutar, matar e morrer.

O ministro da Justiça disse que o governo reconhece os direitos dos índios e tem o compromisso de demarcar todas as áreas indígenas do país até 2006. "Peço que confiem na Funai (Fundação Nacional do Índio) para resolver o problema", completou.

A procuradora da República Débora Duprat não acredita que a Justiça possa dar uma solução que acabe com o impasse até o fim da semana. Segundo ela, a situação é "extremamente delicada", pois os Xavantes estão decididos a partir para o combate. Atualmente, vivem na região de Alto Boa Vista cerca de 600 índios Xavantes.

O processo que está na Justiça e deu aos posseiros o direito de permanecerem na reserva indígena está sendo relatado pelo desembargador Fagundes de Deus, do Tribunal Regional Federal da Primeira Região. O desembargador propõe a reocupação gradual da área demarcada, ao passo que os posseiros se dirijam para propriedades designadas pelo Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária).

O presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, disse aos índios que todos os órgãos do governo encaram o problema como prioritário e estão empenhados na busca da melhor solução.