Unesco irá examinar idéia de transformar parte da dívida dos países em recursos para a ciência

02/12/2003 - 16h18

Rio, 2/12/2003 (Agência Brasil – ABR) - A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura ((Unesco) vai examinar "em profundidade" a proposta feita pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Roberto Amaral, de destinar parte da dívida dos países em desenvolvimento para investimento em educação, ciência e tecnologia dessas nações.

A informação foi dada hoje à Agencia Brasil pelo diretor geral-adjunto da Unesco, Márcio Barbosa. Segundo ele, a entidade não pode se pronunciar imediatamente em relação à proposta brasileira, porque a idéia é nova - foi lançada ontem durante a 3ª Sessão da Comissão Mundial de Ética do Conhecimento (Comest), que se realiza no Hotel Sofitel, em Copacabana.

Na quinta-feira (4) será realizada a reunião de ministros e altas autoridades de ciência e tecnologia, dentro do encontro da Comest, que aprovará a Carta do Rio de Janeiro. Marcio Barbosa acredita que o governo brasileiro esteja, antecipadamente, dando conhecimento de suas preocupações a todos os ministros que participarão do evento.

"Entendo que o ministro Amaral vai esperar que haja consenso sobre grande número de pontos para aí, então, submeter o resultado da reunião ao fôro privilegiado da Unesco para consideração do organismo". O diretor explicou, porém que o processo não diz respeito apenas à Unesco, mas a todos os países em desenvolvimento.

A reunião da Comest, que acontece pela primeira vez fora da Europa, também promove o Fórum da Juventude sobre Ética na Ciência e Tecnologia. Márcio Barbosa disse que o evento pretende mostrar que os jovens cientistas também têm responsabilidade no processo de apresentação de visões éticas, buscando incorporar as análises de diferentes segmentos da sociedade na sua agenda de trabalho. O fórum de jovens tem como focos principais questões como a gestão da água doce, o desenvolvimento sustentável e a política de utilização do espaço extra-terrestre.

A 4ª sessão da Comest será realizada em 2005, na Tailândia, dentro do processo idealizado de descentralização das discussões, a fim de dar oportunidade a cada região de se expressar, disse Barbosa. "É uma inovação e representa, de certa forma, uma descentralização do processo de debate. O Brasil e a América do Sul foram escolhidos como primeiro passo e, o próximo, será a Ásia", revelou o diretor geral-adjunto da Unesco.