Meirelles diz que retomada do crescimento é consistente

02/12/2003 - 12h38

Brasília, 2/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - A redução acentuada do risco-Brasil a níveis abaixo de 500 pontos e a valorização do principal título da dívida externa, o C-Bond, cotado a mais de 97% do valor de face, são uma demonstração clara do sucesso da política econômica adotada pelo governo Lula, "pois o mundo reconhece que estamos dando os passos corretos".

Assim se manifestou hoje o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, no seminário "Produzir para Crescer", realizado pela Fundação Ulysses Guimarães, na Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJ) da Câmara dos Deputados. Também participaram do evento o presidente do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Carlos Lessa, dirigentes do PMDB e líderes empresariais e sindicais.

Meirelles ressaltou que a queda do risco-país ajuda, ainda, na redução da taxa básica de juros (Selic), que está em 17% ao ano, mas não quis arriscar sobre o valor da redução que o mercado espera para a última reunião do ano do Comitê de Política Monetária (Copom), nos próximos dias 16 e 17. Ele disse apenas que "tudo vai depender do ritmo da economia", que está entrando em um "ciclo virtuoso".

Segundo ele, o risco-país indica o grau de confiança dos investidores estrangeiros, com reflexo direto sobre o custo de financiamento para os investimentos. Ele prevê continuada queda do risco-país e assegura que "o Brasil tem, hoje, todas as condições para iniciar a construção de um futuro mais justo, mais rico e mais humano", pois a economia já "apresenta sinais evidentes de que está revertendo o processo de desaceleração observado no primeiro semestre".

Para Meirelles, o país anseia por crescimento a taxas elevadas e por muitos anos, com ampliação da capacidade produtiva da economia, pois só assim "nascerá um novo Brasil, com distribuição de renda, inclusão social e geração de empregos". De acordo com ele, os horizontes se ampliam para projetos mais ambiciosos de investimento, porque a confiança na estabilidade macroeconômica de longo prazo facilita a previsão das taxas de retorno. De acordo com Meirelles, o BNDES "é um ator fundamental para essa retomada".

O presidente do BNDES, Carlos Lessa, concordou com Meirelles. "O Brasil não pode desperdiçar o bom momento que vive na recuperação da atividade econômica", apesar das elevadas taxas de juros que "ainda estrangulam a economia", ainda que a taxa Selic tenha caído nove pontos percentuais de junho para cá. Lessa lembrou, no entanto, que "o simples afrouxar da corda não devolve oxigênio ao enforcado".

Na opinião de Lessa, a retomada do processo de desenvolvimento carece da coesão de todos os agentes econômicos, porque "é preciso confirmar para a sociedade que o país vai se desenvolver, e para isso é fundamental investir em infra-estrutura". Ele lembrou que o ministro do Planejamento, Guido Mantega, está se empenhando pela Parceria Público-Privada, para viabilizar a retomada de grandes programas.

Lessa disse que a economia nacional "está no rumo certo", preconizou crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) acima de 3% no ano que vem, e de "pelo menos 5%" nos anos seguintes. Ele lembrou que, se isso se confirmar, o país poderá conviver com um problema adicional: a carência de energia elétrica. Por isso, ele destacou a necessidade de grande esforço imediato de produção e distribuição de energia, para que o país não reviva o "apagão" de 2001, ou corra o risco de cortes como os que afetaram recentemente os Estados Unidos, Canadá e Europa.