Gabriela Guerreiro e Nelson Motta
Repórteres da Agência Brasil
No dia em que embarcou para uma visita de oito dias ao Oriente Médio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou que o Brasil apóia a iniciativa organizada pela sociedade civil de Israel e da Palestina em busca da paz na região. Por meio de nota oficial, o presidente disse que a proposta "representa um passo positivo e inspirado para a região".
Lula não visitará a zona de conflito, mas, durante a estadia no Egito, vai se encontrar com o premiê palestino, Ahmed Korei, para expor de forma clara sua posição de defesa da paz no Oriente Médio. "Nutrimos a esperança de que Israel e Palestina trabalhem conjuntamente em favor de uma solução pacífica do conflito, por meio de concessões recíprocas. Somente pela via da negociação e do diálogo se poderá alcançar uma paz duradoura", afirma o presidente.
O plano de paz que está sendo discutido em Israel e na Palestina foi elaborado por membros da própria sociedade civil, após dois anos de negociações secretas entre ex-políticos palestinos e israelenses. Intitulado de "Iniciativa de Genebra", o plano foi lançado na Suíça e tem apoio da comunidade internacional. A iniciativa prevê a manutenção do diálogo entre israelenses e palestinos, mesmo diante do crescente conflito entre os dois povos.
O acordo prevê, ainda, que seja criado um Estado palestino com base nos territórios invadidos em 1967 por Israel, além de apresentar a sugestão de dividir Jerusalém e limitar o retorno de refugiados palestinos a Israel. O plano é polêmico e ainda deixa palestinos e israelenses divididos sobre a sua viabilidade prática. O encontro do presidente Lula com o premiê palestino será na próxima terça-feira (9), no Cairo.
Lula é o primeiro chefe da Estado brasileiro, depois de 130 anos, a visitar o Oriente Médio. Antes de Lula, apenas o imperador Dom Pedro II realizou visita de caráter particular. O presidente Lula vai à Síria, ao Líbano, aos Emirados Árabes, ao Egito e à Líbia. Ele viaja acompanhado de uma delegação de representantes de 45 empresas e, além de discutir assuntos de interesse político, vai concentrar suas ações em negociações comerciais. O Oriente Médio é hoje responsável por apenas 3% das vendas externas brasileiras, e Lula quer implementar as trocas comerciais com a região.