Ensino fundamental aumentou número de alunos por turma

02/12/2003 - 12h41

Brasília, 2/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O estudo sobre Educação na década de 90 publicado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), no último dia 28 de novembro, revela que houve um crescimento expressivo de alunos por turma no ensino fundamental.

Em 2000, essas escolas tinham 6,5 milhões de alunos a mais do que em 1991. No mesmo período, houve um acréscimo de 84.761 turmas. Essa expansão desproporcional provocou um aumento do número médio de estudantes por classe, que passou de 28,5 para 32,2 em dez anos. Para se manter no mesmo patamar do início da década, o país deveria ter aberto 228.769 turmas.

Nos últimos anos esse aumento foi mais expressivo na rede municipal, que passou a concentrar as matrículas do ensino fundamental. Em 1991, cada classe tinha 26,6 alunos e em 2000 subiu para 34. Exemplo dessa forte concentração, é o sistema mantido pelas prefeituras da Região Norte que passou a colocar de 25,6 estudantes em única turma para 41,6.

O ensino médio, que recebeu 4,4 milhões de novas matrículas em dez anos, também aumentou a quantidade de alunos por turma: de 34,6 para 38,3. Para que o número médio de estudantes por classe não aumentasse, seriam necessárias 127.753 turmas, mas foram criadas apenas 104.878 neste período.

Outro fator também verificado é que o número de professores também não acompanhou o crescimento das matrículas. Isso explica a elevação da quantidade de estudantes por turma. De 1991 a 2000, mais 171.087 funções docentes passaram a ser ocupadas no ensino médio, mas a relação aluno por professor subiu de 14,5 para 19.

Um dos principais acontecimentos da outra década apontado pelo diretor de tratamento e disseminação de informações, José Marcelino, em entrevista ao programa NBR, da Radiobras foi o fenômeno da municipalização das matrículas no ensino fundamental. Segundo ele, todo o crescimento aconteceu nas redes municipais, onde a quantidade de estudantes saltou de 9,5 milhões para 16,7 milhões.

Para Marcelino o maior problema do ensino fundamental é que 97% dos alunos que se matriculam poucos concluem o curso. "O Brasil tem o menor índice de conclusões da América Latina. Temos um longo caminho a percorrer para nos equipararmos aos nossos vizinhos", disse.

Ele ressaltou ainda que o governo vai priorizar a educação básica, com a criação do Fundo de Manutenção do Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb). Segundo ele, há uma grande demanda principalmente nas creches e que não está sendo atendida nos municípios.