Brasília, 2/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - O diretor de Comércio Exterior da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Maurice Costin, disse hoje em depoimento na Comissão Especial da Alca da Câmara dos Deputados, que flexibilização nas negociações para a formação da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) preocupa os industriais brasileiros.
De acordo com o diretor da Fiesp, a flexibilização, que significa a adoção de regras comuns para os 34 países que compõem a Alça, e também de compromissos adicionais, traz diversos riscos para a indústria brasileira. O primeiro deles, segundo Costin, é que os Estados Unidos poderão dar continuidade a realização de acordos bilaterais com os demais países latino-americanos. "Para os Estados Unidos essa estratégia é eficaz, já que permite que utilizem todo o seu poder de barganha e influência junto aos mercados menores para assegurar acordos nos temas de seu interesse".
Maurice Costin disse que a existência de regras comuns e compromissos adicionais poderão dar acesso especial para outros países ao mercado norte-americano em detrimento do Brasil. "Podem ser instaladas indústrias em outros países menores, cujo produto pode entrar nos Estados Unidos sem pagar alfândega e o nosso pagar", ressaltou.
Costin afirmou que os industriais esperam que o Brasil avance mais na próxima rodada de negociações, que vai ser realizada em fevereiro de 2004, na cidade de Puebla, no México. "Estamos negociando há 10 anos. Não podemos jogar essa negociação na lata de lixo. Nessa negociação temos que ir para frente, para ver como podemos tirar alguma coisa favorável para o país".
O representante da Fiesp acrescentou que as discussões sobre a Alca precisam levar em consideração as "assimetrias existentes entre as economias do hemisfério".
Para se tornar mais competitivo dentro do bloco, Costin disse que o Brasil precisa buscar soluções rápidas para a reforma do sistema tributário, reorganização do sistema financeiro, investimentos nas áreas de transportes e portuária e a reforma da legislação trabalhista.
"É necessário relembrar que esta é uma tarefa que cabe ao Brasil. Entretanto, a transposição desses obstáculos não nos colocará no mesmo patamar econômico dos países desenvolvidos", argumentou.