São Paulo, 1/12/2003 (Agência Brasil - ABr) - A primeira carteira de projetos da Parceira Público-Privada (PPP) será apresentada a empresários estrangeiros. O ministro do Planejamento, Guido Mantega, que viaja nesta noite para os Estados Unidos, afirmou que terá um encontro com um grupo de 100 empresários norte-americanos que tem grande potencial para investir no Brasil. Mantega acredita que as áreas da PPP que devem despertar maior interesse no capital estrangeiro são transporte, energia e saneamento. "Nós sabemos que faltam oportunidades de investimentos ao redor do mundo. Existe muito capital e pouca oportunidade", disse o ministro.
Para Mantega, o governo brasileiro pode oferecer rentabilidade para os investidores norte-americanos superior aos índices praticados nos Estados Unidos. "Os investidores estão ganhando hoje entre 1,5% e 3% no mercado financeiro norte-americano. É muito pouco. Nós poderíamos oferecer mais do que isso. Pelo menos o dobro", completou. O ministro aposta na rentabilidade de longo prazo e na segurança para levar os empresários a dar preferência aos investimentos em infra-estrutura ao invés de aplicar no mercado financeiro.
"O mercado financeiro é mais a curto prazo. Mas aqui você vai oferecer a oportunidade de ter um ativo sólido que durará 15, 20 ou 30 anos", disse. O ministro citou como exemplo os fundos de pensão que têm procurado esse tipo de empreendimento, mais duradouro e mais sólido, sem as oscilações que o mercado financeiro mostra. Mantega não descartou a possibilidade de redução da rentabilidade do mercado financeiro para atrair investimentos para a PPP. "O sujeito está ganhando menos e pode ganhar mais aplicando em infra-estrutura. Você deve atraí-los pela rentabilidade", disse.
A primeira carteira com projetos de obras e serviços que poderá contar com financiamentos por meio da PPP tem uma necessidade de investimentos na ordem de R$ 13 bilhões. Os projetos foram apresentados hoje pelo ministro Guido Mantega a empresários brasileiros na sede da Federação das Industrias do Estado de São Paulo (Fiesp). O presidente da entidade, Horário Lafer Piva, disse estar satisfeito com a PPP. Ele afirmou que as dúvidas dos empresários são naturais em razão da grandiosidade do programa, mas que não há nenhuma resistência ou preconceito por parte dos empresários.
O presidente da Fiesp elogiou a PPP e as políticas para incentivar as exportações anunciadas no 23º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), mas voltou a pedir mais ousadia na redução dos juros e revisão do aumento da alíquota da Contribuição para Fins da Seguridade Social (Cofins). "Fiquei satisfeito com a PPP, com a questão das exportações anunciadas na sexta-feira, mas certamente não vou deixar de continuar pressionando o governo para uma solução na questão da política monetária e da Cofins", acrescentou.
Piva não considera batalha perdida o aumento da Cofins que o governo pretende estabelecer por medida provisória (MP). Ele afirmou que manterá um debate técnico, saudável, com o governo. "Vamos lutar até o último momento, porque o Ministério da Fazenda quer nos mostrar que não haverá risco de aumento de arrecadação, mas as nossas contas mostram que sim", disse Piva.
