Brasília, 28/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - A preservação da água foi o tema que mais despertou interesse e mobilização dos jovens durante a realização das Conferências Infanto-Juvenis, realizadas em setembro como parte dos trabalhos para a 1ª Conferência Nacional do Meio Ambiente, que será aberta hoje em Brasília.
A estudante Maria Lívia Cabral, de 10 anos, alertou após fazer algumas contas: "Especialistas dizem que por volta de 2050 não teremos mais água potável; e eu quero ter água aos 60 anos".
Durante a conferência, ela participou dos debates sobre o tema água, quando o grupo de sua escola em Campos do Jordão, São Paulo, fez pesquisas na comunidade e apresentou soluções que serão discutidas durante a Conferência Nacional. Ela lembra que a região tem problemas "sérios" no tratamento de esgoto e que "é urgente essa questão". E aponta entre as propostas a utilização de minimáquinas para a reutilização da água. Maria Lívia também fala com desenvoltura sobre a importância da energia solar e da poluição do ar. "O problema da camada de ozônio deve ser discutido porque causa até câncer de pele", ponderou.
Em defesa da causa, Maria Lívia foi uma das idealizadoras da organização não-governamental Mingau (Movimento Infantil Guardiãs das Águas do Universo). A ONG existe há 3 anos e é dirigida por crianças em várias localidades do País. Ela explicou que a motivação foi uma palestra que ela assistiu com seu pai onde os "adultos só prometiam". A partir daí, um grupo de crianças se reuniu e criou a entidade. Para ela, a sociedade deveria ouvir mais as crianças. Como resultado de seu processo de conscientização ambiental, Maria Lívia fala naturalmente sobre qualquer questão que envolva o meio ambiente. Ela explicou que o meio ambiente é finito e por isso merece respeito. "O meio ambiente dá a água, dá a roupa e tudo o que temos", acrescentou.
Durante entrevista coletiva com a ministra Marina Silva, secretários do Ministério e ambientalistas, Maria Lívia anunciou que os adolescentes vão cobrar do governo, durante a Conferência Nacional, medidas concretas para a preservação ambiental. E cobrou da ministra a incorporação da cultura ambiental ao currículo escolar.
Marina Silva lembrou que a educação ambiental está incluída na Lei de Diretrizes Básicas, o que garante que o tema deve ser abordado em todas as matérias. "Ainda não foi feito porque é necessário que os professores recebam treinamento, e o ministro da Educação já está trabalhando a questão", informou.
A realização da Conferência Infanto-Juvenil faz parte da estratégia do Ministério do Meio Ambiente de criar uma rede da juventude pela sustentabilidade. De acordo com a ministra, o trabalho que está sendo feito nas escolas busca a conscientização para a idéia de que o homem não deve ter uma relação prepotente com a natureza. "Sempre digo que nós adultos fomos convencidos em relação aos problemas ambientais; as crianças são convertidas. E é muito mais fácil demover um convencido do que um convertido", afirmou.