Brasília, 28/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O grupo artístico Associação Pauloafonsina de Dança e Teatro, oriundo da cidade de Paulo Afonso (BA), conseguiu chamar a atenção do público e das autoridades de governo presente ao painel de abertura, hoje, da Conferência Nacional do Meio Ambiente, em Brasília, para seu movimento contra a transposição do rio São Francisco. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, presidia a mesa de apresentação das principais metas a serem alcançadas no evento quando 11 integrantes do grupo entraram no palco, sem fazer parte da programação, para uma performance em que pediam a revitalização do rio.
Marina pediu aplausos para a atuação do grupo e disse que a revitalização do rio sempre foi um consenso entre o governo, mas não respondeu ao apelo do grupo pelo "não" à transposição. Ao final do painel, a ministra negou que a atuação do grupo tenha causado constrangimento e afirmou que sabia da intervenção artística anteriormente. "O que entendo dessa manifestação da sociedade é que ela ouviu sempre sobre compromissos que não foram cumpridos e, claro, tem o direito de ficar desconfiada", analisou.
Marina Silva disse ainda que a revitalização será feita antes e durante ao que chamou de processo de levar água ao semi-árido. "O presidente Lula assumiu o compromisso ético de levar água ao semi-árido no início do governo e eu, o ministro Ciro Gomes (Integração Nacional), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e o vice-presidente José Alencar temos o dever ético e técnico de fazer que isso aconteça com sustentabilidade social, ambiental, cultura e, principalmente, política", rebateu. A ministra enfatizou que se a revitalização sempre foi consenso antes, nunca foi levada a cabo e que agora é hora de implementá-la com a participação da sociedade, que será parceira nesse processo. Até abril próximo, por exemplo, o Comitê da Bacia do São Francisco, criado recentemente, deve apresentar o Plano Diretor do rio.
O grupo teatral se emocionou após a performance e manteve sua argumentação em torno do rechaço à transposição. "O rio está morrendo. Há projeto e orçamento para transposição e não se fala em despoluição e repovoamento", acusou Dolores Moreira, diretora do grupo. A Associação Pauloafonsina de Dança e Teatro divulga causas ambientais em sua região há sete anos.