Brasília, 28/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil se prepara para ter amanhã mais um "Dia D contra a Dengue", uma das principais campanhas de mobilização social do país. Este ano, o governo investiu na divulgação do Dia D cerca de R$ 12 milhões, praticamente o dobro do que é gasto com as campanhas de imunização.
O principal apelo da campanha é que a população pratique não apenas amanhã, mas todos os dias, ações de limpeza que dificultem a formação de criadouros do mosquito transmissor da doença. As ações devem ser reforçadas principalmente no verão, período em que a combinação de calor e chuva contribuem para o aparecimento do Aedes aegypti.
Por esse motivo, não está descartada uma epidemia de dengue para o próximo ano: "Durante o período de janeiro a maio as condições ambientais são altamente favoráveis ao mosquito, por isso, sempre há a probabilidade de haver mosquito e havendo mosquito há dengue", afirma o secretário de vigilância em saúde do Ministério da Saúde (MS), Jarbas Barbosa.
As duas regiões que mais preocupam o secretário são o Sudeste e o Nordeste, regiões de clima quente e que concentram as maiores cidades brasileiras: " São cidades que cresceram muito rapidamente nos últimos 20, 30 anos e onde a infra-estrutura urbana é deficiente. Nessas cidades, na periferia, as pessoas têm que armazenar a água, porque não tem água todos os dias, e se os recipientes não estiverem bem fechados eles podem virar criadouros do mosquito", alerta Barbosa.
Em todo o Brasil, trabalham no combate à dengue cerca de 58 mil mata-mosquitos e 160 mil agentes comunitários. Eles são os responsáveis pelo trabalho de campo, que consiste em eliminar os focos do mosquito dentro das residências e nos locais públicos. Este ano, o governo repassou R$ 55 milhões aos estados e municípios para completar o quadro de trabalhadores e capacitar os supervisores dos agentes.
Um outro recurso de combate à doença, utilizado apenas em situações emergenciais, é o carro-fumacê. "Em cada região metropolitana nós temos de 10 a 20 fumacês dependendo do porte da região por motivos de segurança, mas a idéia é que a gente não precise utilizar", explica Jarbas Barbosa. O MS distribuiu esse ano mais de 2 mil automóveis entre carros para transportar as equipes de saúde e fumacês.
De janeiro a setembro de 2003 foram notificados 298.135 casos de dengue, contra 768 mil registros no ano passado, o que representa uma diminuição de 61,9% no número de casos da doença. Os melhores resultados foram obtidos nos estados do Rio de Janeiro (-96%), Pernambuco (-80,16%) e Distrito Federal (-88,22%).
Alguns estados ainda preocupam. O Amapá teve um aumento de 11,26% nos registros de dengue este ano; o Paraná registrou 78,75% casos a mais e o Ceará aumentou em 70,62%, o que reforça a idéia de que as ações de controle da doença não podem ser abandonadas.
Para abrir as atividades do Dia Nacional de Mobilização contra a Dengue, o ministro da Saúde, Humberto Costa, estará no Rio de Janeiro amanhã para participar de um mutirão de limpeza com voluntários do Movimento Viva Rio.
Acompanhado dos agentes comunitários de saúde, Costa visitará duas residências no bairro de Acari, na zona norte da cidade, para "dar o exemplo": o ministro vai ensinar como fazer a retirada dos focos do mosquito Aedes aegypti, transmissor da doença.
Ainda no Rio, ao lado do cartunista Maurício de Souza, o ministro lança um gibi da Turma da Mônica com lições educativas sobre formas de prevenção da dengue. Serão distribuídos de imediato 300 mil gibis para escolas de todo o Brasil.
O estados e municípios de todo o país receberam um milhão de cartazes, 8,5 mil camisetas, 20 mil faixas, além de material para outdoors e anúncios em ônibus, chamando a população para as atividades de combate ao mosquito Aedes aegypti. Também estão sendo veiculados anúncios em televisão, rádio e jornal.