Rio, 27/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, manifestou sua preocupação diante da decisão da União Européia de flexibilizar as negociações no âmbito da Organização Mundial do Comércio (OMC) e do Mercosul, à exceção do setor agrícola, porque isso "mostra um certo grau de entendimento entre UE e Estados Unidos na mesma posição". Rodrigues argumentou que "se houver esse entendimento entre dois elefantes, a grama, que somos nós (os países em desenvolvimento), ficará bem amassada".
O ministro da Agricultura, que participou do 23º Encontro Nacional de Comércio Exterior (Enaex), salientou sua convicção de que as discussões para a redução dos subsídios agrícolas externos podem evoluir de forma satisfatória ainda no governo Lula. Ele não imagina, porém, que o Brasil tenha êxito nessa questão de maneira substancial no curto prazo. "É uma luta duríssima, é uma longa disputa", reconheceu, lembrando o compromisso da rodada da OMC de Doha, no qual os países ricos se comprometeram a reduzir o protecionismo agrícola interno, os subsídios às exportações e a melhorar o acesso a mercados.
O ministro confia que o Brasil conseguirá avançar nessa direção ao longo do tempo. "Estou muito confiante no futuro de médio prazo", disse ele. Enquanto isso não ocorre, ele destacou a necessidade de o país buscar outros mecanismos como forma de compensar a questão dos subsídios.
Novas oportunidades se abrem para o Brasil em países como China, Rússia, Ásia, Leste Europeu, África do Sul e Oriente Médio, lembrou, observando, porém, que tudo isso depende de muita negociação por parte do governo, como a redução do custo Brasil, "que está sendo feita", e muita competitividade por parte do setor privado. Segundo o ministro, os empresários devem adotar uma postura agressiva, com marketing, agregando valor, mostrando que o Brasil tem uma enorme competência.
Roberto Rodrigues acredita que tanto nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca) como nas referentes à União Européia pode haver compensações ao protecionismo agrícola. "Nunca acho que é bobagem lutar. Temos que lutar sempre. Acho que é difícil, mas há um contraponto a essa informação: nos Estados Unidos, por exemplo, já se discute claramente a circunstância de que os subsídios beneficiam muito mais os grandes do que os pequenos produtores rurais e já há, portanto, uma distorção na "proteção" à produção rural norte-americana", informou.
Alana Gandra