Desemprego na Grande São Paulo é o maior já registrado em outubro em 18 anos

27/11/2003 - 12h58

São Paulo, 27/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - Apesar da ligeira queda para 20,4%, a taxa de desemprego na Região Metropolitana de São Paulo é a maior já registrada no mês de outubro
nos últimos dezoito anos, segundo pesquisa divulgada hoje pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). A criação de 53 mil vagas, principalmente nos setores de serviços e industrial, não conseguiu sequer dar um alento ao problema vivido pelos mais de dois milhões de desempregados dos 39 municípios da região no mês de outubro. Só nos últimos doze meses, o contingente de desempregados na área aumentou em 174 mil pessoas, já que a taxa média de crescimento da População Economicamente Ativa (PEA) é de 2% na Grande São Paulo.

"Estamos vivendo o pior dos cenários: baixíssimo crescimento econômico combinado com uma aceleração da inflação no primeiro semestre que corroeu a renda dos trabalhadores. Além disso, as negociações coletivas foram muito difíceis e isso gerou uma taxa de desemprego mais alta e níveis de renda mais baixos", explicou Sérgio Mendonça, diretor técnico do Dieese.

O rendimento médio dos trabalhadores empregados diminuiu 0,7% em setembro e ficou em R$ 915. Segundo Mendonça, a carteira assinada é um fator que ajuda a preservar o nível de renda, como comprova a pesquisa. A redução mais intensa foi entre os assalariados sem carteira assinada no setor privado (R$ 623), enquanto aqueles com carteira assinada mantiveram o índice estável (R$ 1.023).

A pesquisa apontou ainda que o valor máximo de remuneração dos 10% de empregados mais pobres teve redução mais acentuada do que o valor mínimo obtido pelos 10% mais ricos. "Nos últimos cinco anos, a queda dos ricos foi maior. Este ano houve uma inversão", comentou Mendonça. O valor do percentual relativo ao pobre chegou a R$ 192 e, ao rico, a R$ 2 mil.

O desemprego hoje na Grande São Paulo inclui todos os setores da população, segundo demonstra a pesquisa. "Aquilo que há dez anos era um desemprego homogêneo, de pessoas com pouca escolaridade ou com renda mais baixa, não se confirma hoje, quando ele atinge inclusive a classe média", disse Mendonça.

Segundo ele, o final do ano deve apresentar aumento do trabalho temporário e a perspectiva é de uma taxa de crescimento do nível de emprego mais significativa em 2004.