Cresce uso de exame de DNA para solucionar crimes

27/11/2003 - 12h57

Rio, 27/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O número de laudos emitidos no país com base em exame de DNA para solucionar crimes sexuais cresceu 25% em 2003 em relação a 2002. A informação consta do estudo divulgado no Rio, que revela o avanço do uso da genética nesse método de investigação. Os dados foram colhidos em sete laboratórios privados e públicos instalados em São Paulo, Alagoas, Distrito Federal, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Paraná e Rio de Janeiro.

Para o diretor do Laboratório de Diagnóstico por DNA da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (Uerj), Elizeu Carvalho, os dados revelam que a vítima de crime de abuso sexual começa a entender que ao recorrer ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer o exame, cujas amostras podem ser analisadas imediatamente, dias, meses ou anos depois, terá maior chance de ver o culpado encontrado e julgado. Segundo Carvalho, o brasileiro, que não tinha uma cultura de realizar testes de DNA para solucionar crimes começa a mudar de atitude.

O estudo realizado pelo laboratório da Uerj em parceira com a empresa Applied Biosystems do Brasil permitiu verificar que nos Estados Unidos, por exemplo, os testes de DNA em crimes sexuais têm uma utilização 2.500% maior do que no Brasil.

Entre as principais dificuldades enfrentadas com a nova tecnologia, Carvalho apontou a inexistência no país de uma legislação específica para área, a falta de convênios entre os laboratórios e as secretarias se Segurança Pública e o baixo número de profissionais especializados em exames de DNA. A não existência de uma legislação também impossibilita a criação de um banco de dados de DNA nacional.

Para discutir estas e outras questões, se realiza até amanhã, na Escola de Magistratura do Estado do Rio, o II Simpósio Internacional de Identificação Humana por DNA. Especialistas de vários países participam do evento.

Eliseu Carvalho informou que a partir de janeiro a Uerj lança o projeto Fênix Brasil, que visa identificar pessoas desaparecidas. Este projeto já existe na Espanha e no Texas, nos Estados Unidos. "Vamos disponibilizar cadastro para tomar amostra biológica de parentes que tenham pessoas de sua família desaparecidas. Como ainda não temos uma legislação sobre o assunto, realizaremos um banco de dados voluntário".