Brasília, 27/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Comitê de Política Monetária (Copom) entende que "é necessário prosseguir com a flexibilização da política monetária", tendo em vista que as projeções de inflação estão "compatíveis com a trajetória de metas e com a recuperação balanceada da economia". Isso é o que revela a ata da reunião que o Copom realizou na semana passada, e sinaliza mais redução da taxa básica de juros (Selic) na última reunião do ano, marcada para os dias 16 e 17 de dezembro.
Embora a decisão de reduzir a taxa Selic em 1,5 ponto percentual (de 19% para 17,5% ao ano) não tenha sido unânime (dois dos nove membros do Copom defendiam redução de apenas 1 ponto percentual), o colegiado do Banco Central entendeu que o balanço de riscos para a atividade e para a inflação justificava um "impulso expansionista complementar". Isso, porque não havia prejuízo da cautela com que julgam necessário proceder à flexibilização da política monetária.
O documento justifica a redução da taxa de juros baseaqdo no fato de que "os principais índices de preços mostraram queda da inflação, em outubro, e confirmaram a avaliação de que a alta apresentada em setembro era temporária. Além disso, os resultados dos índices de outubro revelavam que as maiores contribuições para a inflação no mês foram localizadas, ratificando a tendência de queda para as diversas medidas dos índices ao consumidor". Caso do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) que foi de 0,29%, em outubro, contra 0,78%, em setembro, e que acumula 8,37% no ano.
A ata do Copom assegura que a perspectiva de inflação para este mês é no mesmo patamar do índice registrado em outubro, por causa das leves variações, tanto no atacado quanto no varejo. Pesquisas parciais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) detectaram altas nos preços de legumes, frutas, soja, fertilizantes e bens da indústria mecânica; e preços mais baratos dos ovos, feijão, milho e açúcar, por exemplo.
Na simulação sobre preços administrados, o Copom mostra que haverá redução de 0,6 ponto percentual, com o acumulado de 2003 caindo para 13,3%, por causa de reduções de 0,5 ponto percentual no preço da gasolina; de 0,7 ponto percentual no do gás de cozinha; e de 6,4 ponto percentual nas tarifas de telefonia fixa. Na contramão, haverá aumento de 0,5 ponto percentual nas tarifas de energia elétrica residencial. A expectativa de preços administrados para 2004 também cai 0,4 ponto percentual, para 8,5%, em razão dos menores reajustes previstos em transportes públicos.
O Copom ressalta, ainda, que os indicadores dos níveis de atividades confirmam o cenário de recuperação econômica, a partir do terceiro trimestre do ano, e que se delineia de forma mais clara o quadro de recuperação do consumo, embora aconteça de forma mais lenta que na produção. Mas prevê consolidação da recuperação do consumo, nos próximos meses, devido à melhoria das condições de crédito e da recuperação progressiva da renda real, em função dos recentes dissídios salariais.