Polícia Federal encaminha relatório da Operação Anaconda à Justiça paulista

21/11/2003 - 16h13

Brasília, 21/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Polícia Federal encaminhou hoje ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 3ª Região, em São Paulo, os relatórios da Operação Anaconda, que investiga uma organização criminosa baseada em São Paulo. Apesar das investigações correrem sob segredo de Justiça, o delegado da Polícia Federal, Reinaldo Almeida, confirmou que alguns dos investigados movimentaram dinheiro em bancos estrangeiros. "Sem romper o segredo de Justiça, posso confirmar que já se detectou movimentação financeira em instituições bancárias no exterior", revelou.

O montante movimentado e os titulares das contas internacionais não podem ser divulgados, mas Almeida garantiu que a Polícia Federal já trabalha com o Departamento de Recuperação de Ativos do Ministério da Justiça para pedir aos países onde a movimentação foi detectada o bloqueio imediato das contas dos investigados. O bloqueio das contas seria o primeiro passo para no futuro o Brasil reaver esse dinheiro. "A Polícia Federal vai empenhar todos os seus esforços na linha de investigação para, além de pedir o bloqueio, trabalhar para a repatriação", afirmou Almeida.

Além das contas já confirmadas, a PF decidiu que vai continuar as investigações, pois há outros indícios, que não a movimentação financeira em si, que sugerem a existência de outras contas internacionais. Entre os indícios estão viagens de investigados a outros países bem como a hospedagem em hotéis próximos a instituições financeiras, que levam a PF a concluir a existência de movimentação financeira internacional.

O material analisado foi apreendido no dia 13 de novembro em São Paulo. No total, foram US$ 550 mil, 200 Kg de armas e equipamentos de central telefônica e 1,3 mil kg de documentos, computadores e veículos. Todo o material apreendido foi digitalizado, o que permitirá que a PF continue as investigações.

Apenas para exemplificar a quantidade de papéis, Almeida revelou que um único relatório elaborado com o material apreendido na casa de Norma Regina Emília Cunha tem 398 páginas. Norma Emília é ex-mulher do juiz federal João Carlos Rocha Matos, preso por envolvimento na organização investigada pela Operação Anaconda.

Com a continuidade das investigações, a expectativa da PF é de que outras ações semelhantes à de apreensão ocorrida no dia 13 deste mês acabem por acontecer. No entanto, a PF garante que em hipótese alguma a ação dos policiais federais será feita com alarde. "Nada de pirotecnia. Não há programação nenhuma e o que vier a ser feito depende da seqüência do material analisado", disse o delegado.

Hoje a PF também cumpriu seis mandados de busca e apreensão em casas de câmbio e corretoras de valores na capital paulista e no município de São José dos Campos. Almeida não adiantou em quais casas de câmbio a PF atuou nem o que realmente foi apreendido, mas se limitou a dizer "que o balanço inicial da ação foi muito positivo".