Pesquisa da UFF usa algas para proteger cascos de navios

21/11/2003 - 9h45

Rio, 21/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - Uma substância para evitar a corrosão dos cascos dos navios, causada pela incrustação biológica de mariscos, está em fase final de pesquisa na Universidade Federal Fluminense. O estudo é realizado pelo professor Renato Crespo Pereira, coordenador da Pós-Graduação em Biologia Marinha, e foi apresentado no 1º Simpósio de Biologia Marinha, encerrado ontem (20) na Faculdade de Educação, com mais de 400 participantes.

A pesquisa vem sendo realizada desde 1996 e testa uma substância de origem marinha, como uma espécie de alga, que possa ser incorporada à tinta usada pelo setor naval para conservação dos cascos dos navios. Outros estudos sobre o mesmo tema estão em desenvolvimento em outros países, como a Austrália, onde o trabalho é com bactérias que possam impedir ataques subseqüentes. A pesquisa da UFF caminha agora para tentar sintetizar em laboratório a substância de origem marinha, já que as algas não podem ser usadas em escala industrial, o que acarretaria a extinção da espécie.

O professor Renato Pereira Crespo garantiu que é grande a expectativa mundial sobre as pesquisas nesse campo, porque a corrosão causada pelos mariscos faz aumentar o consumo de combustível, diminuindo a velocidade das embarcações, exigindo uma maior aceleração e causando um menor deslocamento. Além disso, a manutenção exige que a cada dois anos os casos sejam raspados, já que as tintas atuais só garantem este tempo de impermeabilização.

Segundo ele, a tinta que vinha sendo usada no setor naval era à base de TBT e altamente tóxica, tanto que seu uso foi proibido em janeiro deste ano pela Organização Marítima Internacional. No momento, a indústria naval usa outra tinta, à base de cobre.

O professor da UFF disse ainda que o seu estudo já apontou que a substância extraída das algas é eficaz, mas resta saber se vai ser tóxica e economicamente viável.