CPI cobra fiscalização sobre segurança privada

21/11/2003 - 8h06

Brasília - A CPI dos Grupos de Extermínio no Nordeste instalada na Câmara decidiu cobrar da Polícia Federal esclarecimentos sobre a fiscalização de empresas de segurança privada. O relator da comissão, deputado Luiz Couto (PT-PB), anunciou a decisão após ouvir o depoimento do presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Segurança Privada, José Boaventura.

O sindicalista estima que 1,5 milhão de seguranças privados trabalham sem qualquer preparo, portando cerca de 100 mil armas irregulares, sem a fiscalização da Polícia Federal.

A CPI também ouviu ontem o delegado-corregedor da Polícia Civil do Rio Grande do Norte, Plácido Medeiros, que confirmou a existência de pelo menos três grupos criminosos que atuam sob a proteção da cúpula da Secretaria estadual de Segurança. A esses grupos são atribuídas mais de 60 mortes nos últimos dez anos.

Entre estes assassinatos está a chacina de toda uma família, em maio deste ano, que, segundo Plácido Medeiros, teria informações que poderiam ligar os matadores a membros da cúpula da Segurança Pública potiguar, e também a membros do Judiciário. "O crime organizado só funciona quando tem estes tentáculos, não existe isoladamente. Ele atua sob proteção de várias instituições", observou o corregedor.

BAIXOS SALÁRIOS

Plácido Medeiros fez uma comparação entre o que o Governo estadual gasta com os detentos nos presídios e com os salários pagos aos policiais.

Enquanto um detento custa em média R$ 1.500, um agente de polícia civil ganha menos de R$ 700 por mês. Essa diferença, diz Medeiros, é fator determinante para o policial ser convidado ou coagido a ingressar no crime organizado.

Segundo o delegado, os criminosos oferecem proteção aos policiais e a impunidade é garantida por alguns magistrados e integrantes da cúpula da segurança estadual.

DENÚNCIAS

José Boaventura relatou aos deputados que todos os dias chegam à sua confederação denúncias relacionando seguranças informais a ações do crime organizado. Entre outras atividades, eles atuam em milícias contratadas por fazendeiros em regiões de conflitos de terras no Norte e Nordeste.

O sindicalista confirmou o envolvimento de agentes de segurança com grupos de extermínio e milícias de fazendeiros nas regiões Norte e Nordeste. Eles são contratados por empresas que atuam de forma irregular, sem cadastro na Polícia Federal, sem preparo e sem aptidão psicológica.

As informações são da Agência Câmara