Rossetto diz a trabalhadores que governo fará a reforma agrária possível

20/11/2003 - 14h26

Brasília, 20/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, disse hoje, na abertura da conferência que discute o Plano Nacional de Reforma Agrária, que o governo vai realizar a reforma agrária possível. Entre vaias e aplausos, Rossetto distribuiu muitos autógrafos ao chegar ao Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade, local da conferência, que reúne cerca de três mil trabalhadores rurais sem-terra. Os trabalhadores querem o assentamento de um milhão de famílias até 2007.

De acordo com o ex-deputado petista Plínio de Arruda Sampaio, um dos criadores do Plano Nacional de Reforma Agrária, para implementá-lo, são necessários cerca de R$ 24 bilhões. Ele disse que seu plano não é assistencialista e que tem uma base econômica forte. Entretanto, no Orçamento Geral da União para o ano que vem, estão destinados apenas R$ 1,1 bilhão para a reforma agrária.

Em discurso, Miguel Rossetto pediu paz no campo e admitiu que o governo fez muito pouco em 2003 para a reforma agrária. Ele alegou que o governo atual recebeu o país quebrado e sem dinheiro. O ministro disse, no entanto, que, para 2004, existem perspectivas de se criarem condições e de se avançar no programa de reforma agrária com qualidade, garantindo trabalho e renda, preservando o meio ambiente e tornado a reforma viável economicamente.

A conferência começou logo cedo com a chegada de integrantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag) ao pavilhão de exposições. Como os militantes do MST, os trabalhadores da Contag, que estão acampados há três dias na Esplanada dos Ministérios, lutam pela implantação do Plano Nacional de Reforma Agrária.

O presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, José Genoino, também compareceu ao encontro. Ele disse que o PT apóia uma reforma agrária ampla, de qualidade e pacífica. Para Genoino, não adianta fazer um plano de metas só com bandeiras. É preciso haver garantia de execução, afirmou.

O líder do MST, João Pedro Stédile, que também estava na conferência, fez críticas ao governo e ao plano de reforma agrária. Ele defendeu um novo modelo econômico para o país, com melhor distribuição de renda para todos. Na opinião de Stédile, para a sociedade brasileira sair do neoliberalismo, é preciso implementar a reforma agrária.

Os trabalhadores rurais sem terra chegaram a Brasília para participar da conferência, depois de uma marcha que durou 10 dias. Eles sairam de Goiânia no dia 11 deste mês. Foram mais de 200 quilômetros de marcha, que o trabalhador Antônio Barbosa de Oliveira, de 67 anos, não conseguiu concluir caminhando. O trabalhador sofreu uma queda na metade do caminho e teve que ser ajudado. Mesmo assim, Antônio disse que a marcha valeu a pena. Ele tinha uma pequena fazenda de 8 alqueires que foi engolida pela represa de Serra da Mesa, no norte de Goiás, e hoje vive em Minaçu, que fica a 530 quilômetros da capital goiana. Seu Antônio espera receber outro pedaço de terra para voltar a criar galinhas e a plantar milho e mandioca.

Amanhã (21), a partir das 8 horas, os trabalhadores rurais sem terra fazem uma passeata até a Esplanada dos Ministérios. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá recebê-los por volta das 11 horas, no Palácio do Planalto.