Rio, 20/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Dia da Consciência Negra no Rio começou com uma queima de fogos, às 6 horas, em frente ao Monumento a Zumbi dos Palmares, na Avenida Presidente Vargas, no centro da cidade. Em seguida, houve apresentações de dança, música e capoeira. Nem mesmo a chuva fina atrapalhou a homenagem ao herói negro.

O Rio e Alagoas são os únicos estados onde o dia 20 de novembro é feriado. Mesmo assim, os prefeitos dos municípios de Japeri e Mesquita, na Baixada Fluminense, não cumpriram a lei estadual. Para o presidente do Centro de Articulação das Populações Marginalizadas, Ivani dos Santos, a atitude caracterizou "uma atitude racista e as comunidades negras desses municípios devem entrar na Justiça com uma ação civil contra as prefeituras".

Para Santos, o Rio é o estado onde a luta dos negros tem avançado mais, do ponto de vista da agenda política, mas ainda há muito o que fazer. "Conquistamos a entrada de estudantes negros na Universidade através do sistema de cotas, mas ainda é preciso mais investimentos em educação, no ensino profissionalizante e em áreas mais qualificadas. No mercado de trabalho, é preciso maior empenho dos empresários na contratação de negros", acrescentou.

Santos lembrou que a expectativa agora é pela aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, que vai incentivar a política de ações afirmativas para as comunidades negras em todo o país. Ele destacou que há no Congresso Nacional vários projetos para tornar o dia 20 de novembro feriado nacional.

O angolano José Antônio dos Santos, adido para as Comunidades de Cultura do Consulado de seu país no Rio, que participou pela primeira vez da homenagem a Zumbi, se disse encantado com as manifestações culturais. "Temos que admitir que ainda falta muito para conquistar, para educar a população que o homem não existe a partir da sua cor, mas sim a partir do que ele pensa. Mas estas manifestações não deixam de ser mais uma pedra num trabalho que acredito que trará alguns benefícios em mais algum tempo".