Mais de 12 mil espécies de animais estão ameaçados de extinção no mundo

19/11/2003 - 12h43

Brasília, 19/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Brasil é o quarto país no ranking de animais que estão em perigo de extinção, segundo uma relação feita pela Ong ambientalista União Internacional para a Conservação da Natureza (Iunc da sigla em inglês). O país tem 282 animais em risco de extinção, contra 859 dos Estados Unidos, 527 da Austrália e 411 da Indonésia, segundo a lista.

Entre as plantas ameaçadas de extinção, o Brasil está também ocupa o quarto lugar, com 381 espécies em perigo, depois de Equador (975), Malásia (683) e Indonésia (383). Cerca de 2 mil espécies a mais expandiram a Lista Vermelha anual das floras e faunas analisadas pela Iunc. O catálogo "oficial" produzido pela ong agora tem 12.259 entradas de animais em risco de extinção.

A Iunc diz estar preocupada com a sobrevivência de dois cetáceos, entre eles o boto toninha ou franciscana, uma espécie comum na costa do Rio Grande do Sul e do Uruguai. Esse ano, a entidade destacou os problemas que rodeiam os habitats de muitas ilhas que têm um futuro duvidoso. O relatório afirma que muitos animais nativos e plantas das ilhas Seicheles e Galápagos, por exemplo, estão sendo extintos por espécies invasoras.

Segundo a Iunc, desde o ano 1500, 762 espécies de plantas e animais desapareceram, com outras 58 que só sobrevivem em cultivo planejado ou em cativeiro. O diretor-geral da Ong, Achim Steiner, disse que "apesar de estarmos apenas na superfície no que se refere à avaliação das espécies conhecidas, estamos seguros que a lista, com 12.259 espécies, é um indicador do que está acontecendo na diversidade biológica global". De acordo com ele, "a atividade humana pode ser a principal ameaça às espécies mundiais, mas o homem também pode ajudar a recuperá-las, como é o caso do rinoceronte albino", acrescenta Steiner.

A Lista Vermelha classifica os animais e plantas ameaçados de extinção em categorias: as com extremo risco de extinção, alto risco e vulneráveis são incluídas no número total de "ameaçados de extinção". Há também outras categorias, como "quase ameaçado" ou "de pouca preocupação".
A Iunc disse que animais e plantas estão desaparecendo por causa dos efeitos da chegada de espécies estranhas ao ambiente, que eliminaram, por exemplo, quatro plantas da Ilha da Ascensão e que não são encontradas em nenhum outro lugar. Outras ilhas do Atlântico, incluindo Tristão da Cunha, Sta. Helena e Ilhas Malvinas, também estão sob "incessante" pressão de invasores, animais que pastam e perda de habitat.

O número de peixes-gato de Mekong caiu mais de 80% nos últimos 13 anos. A Lista Vermelha diz que o futuro da fauna havaiana é dos mais "incertos" por causa da perda dos geradores de pólen que evoluíram com as plantas nativas, e a pressão da presença do homem. Das 125 plantas endêmicas (não encontradas em outro lugar) do Havaí que entraram na Lista Vermelha deste ano, 85 estão ameaçadas de extinção. No Havaí e nas ilhas Galápagos, os caramujos estão sob ameaça, não só de outros caramujos como de espécies "estrangeiras" como cabras, porcos e formigas.

No mundo só existem 16 exemplares de Melissia begonifilia. "Lugares como Galápagos, Havaí e Seicheles são famosos por sua beleza, que se deve à diversidade de plantas, animais e ecossistemas. A Lista Vermelha mostra que as atividades humanas estão levando a uma onda de extinção que tornará essas ilhas ecológica e esteticamente ocas", diz Steiner.

Espécies continentais também estão em apuros, entre elas, o macaco-aranha, que entrou para a categoria dos animais em alto risco de extinção. Na Ásia, o peixe-gato gigante da bacia chinesa de Mekong, que pode crescer até três metros de comprimento, está agora considerado criticamente em perigo, por causa do excesso de pesca, perda de habitat e obstrução das rotas de migração por construção de represas.

Uma das plantas mais antigas na Terra, a cicadales, que parece com uma palmeira, também está entre as espécies ameaçadas de desaparecer. (BBC Brasil)