Governo inicia programa para incluir crianças com necessidades especiais nas escolas

19/11/2003 - 12h25

Brasília, 19/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O ministro da Educação, Cristovam Buarque, lançou hoje o programa "Educação Inclusiva: Direito à Diversidade", que pretende criar políticas inclusivas que garantam o acesso de crianças e adolescentes portadores de necessidades especiais ao ensino público.

O ministro assinou com a representante do Fundo das Nações Unidas para Infância no Brasil (Unicef), Reiko Niimi, o termo de cooperação que possibilitará o desenvolvimento do programa em 83% dos municípios. Durante toda semana, gestores e educadores de 128 municípios vão participar de um curso de formação, para que em 2004 desenvolvam projetos de educação inclusiva e tenham condições de atender os alunos especiais.

Segundo o ministro Cristovam, é inadmissível que crianças especiais com potencial tenham seu futuro comprometido e sejam excluídas por falta de apoio do setor público. "A educação só será inclusiva quando todas crianças tiverem uma boa escola e educação de qualidade", afirmou.

O ministro ressaltou também a importância da inclusão social dos marginalizados e reafirmou sua posição contra a redução da maioridade.

"O que nós precisamos é aumentar a idade com que os jovens ficam nas escolas e não baixar a idade com que eles ficam na cadeia. Nós que temos que pensar com emoção e responsabilidade, não podemos olhar apenas para aquele jovem que cometeu crime, mas sim para todos os jovens do país. Vamos tratar esses adolescentes que cometem crimes dentro do que hoje prevê o Estatuto e a Lei. Não podemos abrir essa guarda, porque a opinião pública acha mais fácil de resolver a situação dessa forma. Temos é que lutar para ter uma sociedade pacífica."

Já para a representante do Unicef, Reiko Niimi, o importante mesmo é transformar a realidade de 3 milhões de crianças e adolescentes deficientes que estão fora das escolas. "Estamos preocupados com os índices de analfabetismo no país. Cerca de um milhão de crianças nunca foram às escolas e apenas 8% de crianças deficientes estão matriculadas."

Segundo Reiko, a inclusão social requer a participação de todos os setores da sociedade, principalmente da família, porque é em casa que muitas vezes começa a discriminação. "Ninguém gosta de receber atenção especial, às vezes achamos que estamos protegendo e na verdade podemos estar discriminando. As crianças deficientes querem ser iguais às outras, não querem receber cuidados especiais. Precisamos tratar essas crianças com como as outras", afirmou.