Brasília, 18/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O governador do Piauí, Wellington Dias (PT), anunciou hoje ao visitar manifestantes da Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), acampados no gramado em frente ao Ministério da Fazenda, que dos US$ 14 bilhões do novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional), aproximadamente 12% vão ser destinados à reforma agrária (os cálculos foram feitos levando-se em consideração a cotação da manhã de terça-feira).
"No acordo firmado com o Fundo Monetário Internacional para 2004, foram destinados R$ 5 bilhões para a área da reforma agrária", enfatizou o governador para mostrar a importância que o governo Lula dá para o assunto. "É completamente destoante de todos os acordos que a gente fechou até agora", completou.
Ao ser questionado pelo fato do Ministério da Fazenda não ter, ainda, divulgado esses números, o governador Wellington Dias reafirmou que no acordo acertado com o Fundo ficou uma parte dos recursos para infra-estrutura, sendo "uma fatia" para saneamento e outra para a área de reforma agrária.
Para mostrar que não estava enganado diante da insistência dos jornalistas sobre os valores e do destino dos recursos do FMI, disse: Eu acompanho, sou governador. Tenho a obrigação de acompanhar. Eu estou dizendo que tem.
"O problema é que o Brasil se acostumou a ter distribuição de terra, mas sem estrada, energia, água e moradia. Se não tiver condições não só de ‘habitabilidade’, mas também de geração de renda, não pode se chamar isso de reforma agrária", afirmou Wellington Dias.
Ele também disse que o presidente Lula tinha uma preocupação pelas dificuldades que teria em 2003, mas sempre acreditando que a solução para os sem terra seria viável. "No ano de 2003 nós fizemos um investimento baixo proporcionalmente ao que foi prometido para os quatro anos, mas a meta do presidente é de fazer uma compensação a partir de 2004, 2005 e 2006".
O governador reconheceu a existência de problemas na liberação de recursos. Para ele, em 2003 não foi possível atender o que foi prometido na campanha presidencial. "Mas o presidente não enganou ninguém. O lado positivo, porém, é que o país fez o dever de casa e abre a possibilidade de ampliar os investimentos em 2004 e eu não tenho dúvidas que Lula quer fazer isso nessa área".
Dias lembrou, ainda, que o orçamento atual não foi feito pelo governo Lula, mas que o presidente está colocando o país no rumo. Ele disse que o orçamento tinha poucos recursos voltados para as questões do campo, além de uma arrecadação aquém do que estava previsto. "No orçamento de 2004, as aplicações de recursos no campo vão estar melhores, principalmente com o acordo com o FMI".
Wellingon Dias também contestou a afirmação que existe um grau de insatisfação entre os trabalhadores, principalmente no campo. Segundo ele, é importante notar que a eleição de um novo modelo, como a do presidente Lula, com a história do presidente, cria toda uma ansiedade e grande expectativa. "Um dia desses eram dos que passavam fome, hoje já estamos com quase 2 mil municípios com o Bolsa Família".
Durante o encontro, a secretaria de Políticas Sociais da confederação, Maria de Fátima Rodrigues, que também é do Piauí, pediu ao governador o fim da grilagem no estado e uma política para o cerrado, na região, que atenda aos piauienses.
O governador Welligton Dias disse que soube da manifestação por acaso ao visitar o Tesouro Nacional, que fica no prédio do Ministério da Fazenda. O protesto da Contag, segundo seu presidente, Manoel José dos Santos, é para forçar o governo a avançar na reforma agrária.