Brasília, 17/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O improviso de um canto africano foi a homenagem do ministro da Cultura, Gilberto Gil, ao Dia Nacional da Consciência Negra, que vai ser comemorado na quinta-feira. Acompanhado da cantora negra norte-americana Marva Wright e da Jabial Reed Band, Gilberto Gil cantou sua versão para "No Woman No Cry", de Bob Marley, durante o café-da-manhã promovido hoje pela Fundação Cultural Palmares.

O café da manhã marcou a abertura da semana de shows e exposições em Brasília. O ministro Gilberto Gil disse que o Dia Nacional da Consciência Negra marca não só a luta e resistência dos negros no país, mas também que a data é de comemoração pelos avanços no reconhecimento da contribuição do negro na sociedade brasileira.

"Esse é o segredo do equilíbrio na questão da inclusão do negro na nossa sociedade. Tem um lado que é superação de problemas e isso inclui resistência política, luta por cidadania, luta por inclusão e auto-reconhecimento. Por outro lado, há uma outra dimensão que é de integração, comunhão e regozijo por estarmos em processo de reconhecimento profundo da importância do negro na vida brasileira", disse o ministro.

Para avançar ainda mais na inclusão do negro, Gilberto Gil disse ser favorável ao sistema de cotas tanto no ensino superior e no mercado de trabalho quanto na cultura. "Evidente que é mais complexo que na vida escolar, educacional; na vida artística é mais difícil, mas não é impossível", afirmou.

Apesar de achar que as cotas não são um mecanismo perfeito, Gilberto Gil disse é uma forma de tratar os negros de forma desigual, mas positiva, para reparar as injustiças históricas."Não se pode dar esta justificativa de que a cota não é justa porque é uma maneira de tratar desigualmente os negros. Mas os negros, historicamente, têm sido tratados desigualmente. É um outro tratamento desigual que vai equilibrar essas coisas", acrescentou.

O presidente da Fundação Cultural Palmares, Ubiratan Castro, ressaltou a importância da aprovação do Estatuto da Igualdade Racial, que tramita no Congresso Nacional. "É a primeira manifestação legal do Estado brasileiro de proteção e reparação à população negra no Brasil", comentou.

A Fundação Cultural Palmares promove uma série de eventos, esta semana, em comemoração ao Dia Nacional da Consciência Negra. Serão três exposições, seis shows, entre eles, da banda Olodum e Afro Reggae. Uma das exposições, inaugurada hoje, é a mostra fotográfica "Remanescentes de Quilombos do Estado do Rio de janeiro", de Januário Garcia, na Fundação Cultural Palmares. A instituição ainda realizará debates, lançamentos de livros e exibição de filmes. Confira a programação no site da Fundação (www.palmares.gov.br).

A Câmara dos Deputados também promove a II Jornada África Brasil. A abertura será às 17h, com uma palestra do ministro da Cultura, Gilberto Gil, sobre música afro-brasileira. A programação da Câmara ainda inclui oito exposições, como a mostra Sagrada Geometria, que reúne pinturas, gravuras, relevos e esculturas de Rubem Valentim.