Explosões na Turquia matam pelo menos 20 e ferem 250 pessoas

15/11/2003 - 14h22

Brasília, 15/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - Dois veículos com explosivos explodiram perto de duas sinagogas de Istambul (Turquia), matando pelo menos 20 pessoas e ferindo mais de 250, durante o dia sagrado dos Judeus, o Sabbath. Os oficiais turcos acreditam que as explosões, que ocorreram quase simultaneamente nesta manhã deste sábado, foram um ataque coordenado de facções terroristas, embora não se saiba quem é o responsável.

"Nenhuma organização reivindicou a responsabilidade", disse o ministro do Interior Turco, Abdulkadir Aksu, perto de um dos locais da explosão em Istambul. "Nós estamos considerando todas as possibilidades. Qualquer organização pode estar por trás disso", completou.

Mais cedo, a imprensa turca havia relatado que a facção Frente dos Cavaleiros Islâmicos do Grande Orinte tinha reivindicado a responsabilidade pelos ataques, mas fontes oficiais do governo, em Ancara, suspeitam que os ataques foram realizados por terroristas fora do país, possivelmente ligados à Al Qaeda.

A polícia investiga se as explosões foram o resultado de um ataque suicida, de dispositivos via controle remoto ou bomba-relógio. "É possível que os veículos já estivessem estacionados desde cedo", disse Aksu. Uma carro-bomba detonou a um metro, aproximadamente, da sinagoga de Neve Shalom, no populoso distrito de Kuledibi. O segundo carro explodiu perto da Sinagoga de Beth Israel em Istambul, distante muitos quilômetros do primeiro.

De acordo com a rede CNN de televisão, a maioria dos mortos era formada por pessoas que passavam pelo local na hora. "Há ainda um sentido de descrença", disse ele. A explosão deixou um buraco profundo com cerca de dois metros na frente da Sinagoga. As fachadas de todos os edifícios foram destruídos. A rua está em ruínas. O hospital local ficou lotado com a chegada dos feridos.

"Foi um estrondo enorme, minhas janelas estão todas cheias de cacos. Agitou meu estômago", disse uma testemunha. A sinagoga de Neve Shalom, a maior da cidade, foi o local de um ataque em 1986, realizado pela organização do terror de Abu Nidal, e que matou 22 pessoas durante o Sabbath. A segurança na sinagoga foi extremamente reforçada depois desse ataque. O Primeiro ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, condenou os ataques. Ele está voltando ao país depois de uma visita ao Chipre.

O embaixador de Israel na Turquia também estava viajando, quando as explosões aconteceram em Ancara. Israel denunciou as explosões, chamando-as de "ataques criminosos do terrorismo". Disse ainda que o "terrorismo é terrorismo, mesmo que os alvos sejam judeus ou não judeus".

O porta-voz estrangeiro do ministro de Israel, Jonathan Peled, disse que a explosão "está tocando não somente no nervo judeu" mas em todos, ao atacar a cidade histórica de Istambul. "Nós estamos confiando que as autoridades turcas vão empreender os esforços necessários para investigar este crime e tentar trazer à justiça aqueles que agiram contra lei", afirmou o ministro.

Turquia e Israel têm os laços de amizade antigos, datando de 1948 quando a Turquia se transformou no primeiro país muçulmano a reconhecer o estado judeu. Os dois países continuam a manter ligações militares também. "Este é realmente um momento de dizer às pessoas turcas, que o povo de Israel está com eles nesta hora muito difícil" disse Peled.

Outros ataques em grande escala a alvos judeus já aconteceram nos últimos anos ao redor do mundo, assim como relatos constantes de vandalismo e de violência. Uma sinagoga na Tunísia foi atingida no ano passado, matando pelo menos 20 pessoas. Também em 2002, ao menos 15 pessoas foram mortas no ataque do carro-bomba num hotel freqüentado por turistas israelenses no porto em Mombasa, no Quênia e dois mísseis atingiram um avião israelense, que partia daquela cidade. Em 1994, um ataque no centro judeu da Argentina matou 85 pessoas.

As informações são a CNN