Brasília, 13/11/2003 (Agência Brasil - ABr) - O Laboratório de Soldagem (LabSolda) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) aprimorou duas versões de um equipamento, capaz de fazer soldas subaquáticas molhadas. A nova tecnologia deve reduzir à metade o tempo gasto neste tipo de conserto, com redução dos custos de manutenção e dias parados.
A primeira aplicação dos aparelhos - chamados de Hiper 1 e Hiper 2 - será no conserto da plataforma semi-submergível P-27 da Petrobrás, na Bacia de Campos (RJ), estimado para durar apenas 20 dias. A Petrobrás contribuiu com 25% dos recursos destinados à esta pesquisa por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT) do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
Quatro pesquisadores do Labsolda trabalharam no projeto, desenvolvendo, inclusive, os aparelhos em mãos da Petrobrás, já que a tecnologia é muito específica e não existe interesse numa produção em escala dos aparelhos. Os mergulhadores contratados pela empresa para os reparos foram treinados na UFSC.
Conforme explica o coordenador do projeto de pesquisa, o engenheiro mecânico especializado em soldagem, Jair Carlos Dutra, do LabSolda, o Hiper 1 e o Hiper 2 geram calor por um processo físico, resultante da diferença de potencial e elevadas tensões entre o material a ser soldado e o eletrodo, este um bastão de metal, do tamanho de uma caneta, que é fundido juntamente com a peça soldada.
Até aí é um processo semelhante ao da solda seca. No caso da operação subaquática, no entanto, a queima do revestimento especial do eletrodo produz um ambiente gasoso em torno do local da solda, como uma pequena bolha. Gases como o dióxido de carbono e o hidrogênio formam uma camada de cerca de 10 milímetros de espessura, que isola a solda da água ao redor. A solda subaquática é feita a uma profundidade de 20 metros, com uma pistola ligada por cabos ao aparelho, que fica na superfície.
"A solda pode ser feita na água doce ou salgada e - com algumas adaptações - até em reservatórios de efluentes industriais, onde a água contém outros químicos", diz Dutra. Ele acrescenta que a distinção entre o Hiper 1 e o 2 está no tipo de eletrodo utilizado. Enquanto o Hiper 1 funciona apenas com eletrodos do tamanho comum, que precisam ser substituídos com freqüência, o outro já admite a acoplagem de um eletrodo tubular. Trata-se de um arame contínuo, enrolado em um carretel e gasto ininterruptamente durante a soldagem. "Esta solda de fluxo contínuo ainda não tem sua utilização prevista pela Petrobrás, estamos torcendo para os técnicos optarem por ela, para verificar seu desempenho em condições de campo", admite. (Ascom UFSC)