Anfavea prevê que acordo com África do Sul será fechado no primeiro semestre de 2004

07/11/2003 - 17h45

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo - A indústria automobilística vê com bons olhos a aproximação do Brasil com alguns países africanos, em especial com a África do Sul, mercado importante para as exportações brasileiras de veículos. "O mercado sul-africano é muito interessante para o Brasil, já que anualmente são vendidas cerca de 300 mil unidades para aquele país", ressaltou o vice-presidente da Associação Nacional de Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Rogério Golfarb, que defende a redução de tarifas no comércio automotivo. Golfarb acredita que o acordo será consolidado até o fim do primeiro semestre de 2004.

Os números mais recentes das exportações de veículos para a África, incluindo automóveis, modelos comerciais leves e ônibus, são de 2001, quando o Brasil exportou 20,9 mil unidades, segundo dados da Anfavea. Para a África do Sul, o país vendeu 18 mil unidades, dos quais 9,8 mil foram automóveis de passeio.

"Hoje para a África importar um carro do Brasil é cobrada uma taxa de 35% sobre seu valor. Para a África exportar para o Brasil, os tributos são de 38%", informou Golfarb.

Para o dirigente da Anfavea, é importante que o acordo de redução de tarifas que está sendo negociado pelos governos brasileiro e sul-africano seja positivo para os dois países. "Esse acordo não pode ser de mão única. O fato de a África produzir principalmente veículos de luxo e o Brasil ser altamente competitivo na produção de veículos compactos deve ser levado em conta para essa complementação. Com o acordo, pode haver uma troca entre os dois produtores", afirmou.

O tratado que o governo brasileiro está negociando com a África do Sul tem apoio da Anfavea e caminha nos moldes dos já feitos com outros países. Com o México, por exemplo, o Brasil mantém, desde outubro de 2002, um acordo bilateral que permite a exportação de automóveis com tarifa de 1,1% e cota de 140 mil unidades anuais. A partir do segundo ano, a taxa será nula e as cotas aumentam. Do quinto ano em diante, não haverá taxa nem cota.

Na avaliação de Golfarb, a definição de cotas é essencial para reduzir os impostos e controlar o volume de exportação. "Os mercados que se utilizam das cotas para fomentar trocas com taxas reduzidas não apresentam riscos de desequilíbrio nem de um lado nem de outro", afirmou Golfarb, que também é diretor de assuntos coorporativos da Ford.

A General Motors do Brasil concorda com a importância da África do Sul para o mercado automobilístico brasileiro. Operando no mercado sul-africano desde 1995, por meio da subsidiária Delta Motors, a GM já faturou US$ 1 bilhão só neste ano e acredita vender mais US$ 200 milhões até o final de 2003. Os carros Corsa, Corsa Sedan, Novo Corsa são exportados em CKD , ou seja, as peças são exportadas e montadas na subsidiária local. De acordo com informações da GM do Brasil, as primeiras unidades do Montana já estão sendo embarcadas. A previsão de vendas para 2004 é de oito mil unidades.

A Volkswagen também exporta para a África do Sul e outros países africanos os modelos Polo e Polo Sedan. A Ford ainda não exporta para o continente africano, mas está esperando o acordo para entrar no novo mercado.