Moçambicanos querem conhecer o ex-operário que governa o Brasil

04/11/2003 - 9h00

Álvaro Bufarah
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Na avaliação de Brasão Mazula, reitor da Universidade Eduardo Mondlane, a principal de Moçambique, a visita da comitiva brasileira chefiada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva marca a abertura da política do governo brasileiro para o continente africano. A comitiva que chega em Maputo na tarde de hoje está de olho, principalmente, na aproximação com os países de língua portuguesa que compartem afinidades culturais, políticas e econômicas.

De acordo com Mazula, além da expectativa de estabelecer uma rede de negócios e da aproximação política, a população moçambicana tem uma grande curiosidade em conhecer o operário que se transformou no presidente do Brasil. "Uma das razões de grande interesse dos moçambicanos nesta visita é que boa parte deles acompanharam a história de Lula, um operário simples, dedicado a causa do povo brasileiro e a luta no movimento sindical. O que cria uma admiração especial pelo presidente", diz o professor.

Os moçambicanos já conhecem bem o Brasil através das novelas e da música que são transmitidas diariamente nas emissoras de tv e rádio locais. O carinho entre os dois povos foi ampliado pela convivência com os brasileiros residentes no país. Mazula afirma que Moçambique quer retomar o processo de formação de profissionais em diversas áreas através do Centro de Estudos Brasileiros, que recentemente cortou as verbas das bolsas de estudos que possibilitavam o intercambio educacional entre os dois países.

Os setores mais carentes são o de infra-estrutura e saúde. São essas as principais áreas que serão foco dos acordos bilaterais. O governo moçambicano pretende contar com a ajuda brasileira para a capacitação de profissionais para o atendimento dos paciente com AIDS. Além da transferência de tecnologia na fabricação de remédios, com a construção de uma fábrica da antiretrovirais, outra área de interesse dos moçambicanos é a agricultura. "Como ambos os países tem grandes semelhanças climáticas, queremos buscar a tecnologia brasileira na área de agronegócios", afirma Mazula.