Brasil terá primeiro acelerador linear ressonante do hemisfério Sul

30/10/2003 - 10h58

Brasília, 30/10/2003 (Agência Brasil – ABr) - O Instituto de Física da Universidade de São Paulo (USP) está concluindo a construção do primeiro Acelerador Linear (LINAC) do hemisfério sul equipado com cavidades ressonantes supercondutoras. A construção do equipamento, utilizado em experiências com reações nucleares, já consumiu US$ 10 milhões e necessitará de mais US$ 500 mil para entrar em pleno funcionamento.

O novo acelerador vai incrementar os estudos sobre Física Nuclear no Brasil e ampliar as possibilidades de pesquisa nas áreas de biologia nuclear, biogenética, física ambiental, tratamento de materiais e espectroscopia de massa (AMS), entre outras. Os ressoadores foram importados dos Estados Unidos e o sistema de criogenia veio da Inglaterra e dos EUA, em processos de transferência de tecnologia.

Segundo o professor e coordenador do projeto de construção, Alejandro Szanto de Toledo, a principal inovação do LINAC é o uso de cavidades ressonantes para acelerar e conduzir os íons até o alvo que será bombardeado. "Os feixes de íons passam por cavidades de nióbio, onde são acelerados por um campo de radiofrequência, induzindo a reação nuclear que se quer estudar", explica o professor.

Outra vantagem é o sistema de criogenia à base de hélio líquido, que mantém os ressoadores resfriados a uma temperatura em torno de 3 graus kelvin (270 graus Celsius negativos) impedindo a dissipação da energia do campo eletromagnético. No modelo antigo, instalado na USP desde a década de 70, a aceleração dos feixes era produzida pelo acúmulo de cargas eletrostáticas.

De acordo com Toledo, com o novo acelerador será possível realizar experiências mais sofisticadas sobre a estrutura nuclear e a dinâmica da colisão, concentrando maior densidade de energia na matéria nuclear. O equipamento também estimulará o desenvolvimento da tecnologia nacional em supercondutores, aproveitando o fato de o Brasil ser o maior produtor mundial de nióbio.

Financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Finep, Fapesp e Secretaria Estadual de Ciência e Tecnologia, o LINAC entrará em operação até o final de 2004. (com informações da Agência USP de Notícias)