Brasília, 28/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - A Imprensa Nacional vai passar por um amplo processo de modernização, após vários anos de sucateamento. Entre os planos a curto prazo estão a criação de uma versão eletrônica dos jornais atualmente editados pela empresa, a reformulação de sua página na internet e a reforma gráfica do Diário Oficial da União (DOU).
Uma cerimônia realizada hoje na sede da instituição, em Brasília, oficializou a transferência dos restos mortais do patrono da imprensa brasileira, Hipólito José da Costa, para os jardins da Impresa Nacional. O ato marcou o início da nova etapa da Imprensa Nacional, detentora do maior acervo historiográfico do jornalismo brasileiro. Na ocasião, também foi transferida para local mais adequado a rotativa Marinoni, a primeira a funcionar em Brasília, após a transferência da capital federal.
O diretor geral da Imprensa Nacional, Fernando Tolentini de Sousa Vieira, afirmou que no Governo passado houve um forte processo de desmantelamento do órgão. "Nos últimos três anos, metade dos funcionários foi redistribuída para outros órgãos governamentais, o orçamento foi rebaixado em 10%, foi extinta a Biblioteca Machado de Assis e também o Núcleo de Recuperação de Obras Raras", lamentou.
Tolentino auxiliou a recuperar e a devolver a rotativa Marinoni para exposição. Bastante moderna para a época, a impressora foi trazida desmontada pelo presidente Juscelino Kubitschek para Brasília e nela foi rodado o primeiro Diário Oficial na nova capital, em abril de 1960.
Os restos mortais de Hipólito José da Costa foram colocados junto à nova sede, ao lado do Museu da Imprensa Nacional. O jornalista fundou, em 1808, o primeiro jornal brasileiro, o Correio Braziliense. O nome de Correio foi dado porque o jornal era rodado em Londres e despachado via postal para o Brasil.
Com esse ato, Hipólito protestava contra a falta de uma imprensa livre no Brasil. Apesar de a imprensa ter sido inventada três séculos antes e já estar presente inclusive na América Latina, gráficas clandestinas ainda eram destruídas no Brasil em pleno século IXX. Foi quando a coroa portuguesa veio para cá fugindo de Napoleão. D. João IV criou então a Imprensa Nacional, no mesmo ano do Correio, 1808.
Para o presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, Edgard Tavares, a cerimônia de hoje simboliza a união dos ideais de liberdade de expressão defendidos por Hipólito da Costa com a instituição da Imprensa Nacional. Disse ainda esperar que, no governo do Partido dos Trabalhadores, não haja espaço para a manipulação de informação.