Rio, 28/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - O corpo da cantora Nora Ney está sendo levado, neste momento, para o Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap, onde será enterrado às 16h30. Iracema Ferreira Maia, seu nome de batismo, morreu hoje, aos 82 anos de idade, de falência múltipla dos órgãos, após dois meses de internação no Hospital Samaritano.O neto da cantora, Júlio Pignatari, informou que os problemas de Nora Ney começaram há nove anos, com um derrame, seguido de efizema pulmonar, o que provocou vários períodos de internação.

A cantora marcou época no rádio brasileiro e integrou por muito tempo o elenco da Rádio Nacional do Rio de Janeiro, onde conheceu o cantor Jorge Goulart, com quem se casou. Ela se destacava pela presença marcante e forma diferente de cantar, com interpretações mais intimistas, antecipando um estilo que viria depois com a bossa-nova. Sua estréia aconteceu em 1951 no programa Fantasia Musical, na Rádio Tupi, época em que mudou seu nome, inicialmente, para Nora Ney, já que cantava música estrangeira.

Nora foi a primeira a gravar rock no Brasil , atuou como crooner do Hotel Copacabana Palace e com sua voz de contralto imortalizou composições de Antonio Maria, como "Menino Grande" , "Ninguém me Ama" e "Preconceito", as duas últimas em parceria com Fernando Lobo. Fez sucesso também com "Aves Daninhas", de Luícínio Rodrigues, " Bar da Noite ", de Haroldo Barbosa e Bidu Reis e "Vai, Mas vai Mesmo", de Ataulfo Alves.

Nora Ney e Jorge Goulart foram pioneiros em turnês por países socialistas, como China e União Soviética e, em 1964, por causa do governo militar, saíram do Brasil, só retornando oito anos depois.