Brasília, 26/10/2003 (Agência Brasil - ABr) - Colaborar com o governo na elaboração de políticas para o setor de eqüinos, afeninos e muares é o objetivo dos integrantes da iniciativa privada na nova Câmara Setorial da Eqüideocultura, grupo de trabalho que passa a integrar o Conselho Nacional do Agronegócio (Consagro) e que se instalou hoje, em cerimônia realizada em Goiânia (GO). O presidente da nova câmara é o vice-presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), Pio Guerra Júnior. Ele tomou posse, junto com os demais integrantes, na tarde de hoje, na sede da Sociedade Goiana de Pecuária e Agricultura. O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues participou da solenidade.
Criado em 1998 como órgão consultivo, o Consagro reúne os setores públicos e privado para ajudar o governo na formulação da política agropecuária do país. Integrado por representantes de todos os segmentos da cadeia produtiva, como insumos, máquinas, indústrias de alimentos e exportadores, além dos produtores rurais, o conselho tem 16 câmaras setoriais criadas. A Câmara de Eqüideocultura é a oitava a entrar em funcionamento.
Segundo o zootecnista e chefe de entidades turfísticas do Ministério da Agricultura, Antônio Carlos Motta, que foi empossado na função de secretário-executivo da câmara, uma das prioridades será mostrar à sociedade a importância do mercado de cavalos, jumentos e burros. "O setor emprega 1 milhão de pessoas, direta e indiretamente", destacou Motta. A criação da Câmara de Eqüideocultura, em sua opinião, é um aceno da importância que o governo atribui a esse mercado.
O Brasil tem o terceiro maior rebanho de cavalos do mundo. São 5,8 milhões de cabeças, número que fica atrás dos rebanhos da China e do México. As três espécies que integram o setor de eqüideocultura - cavalos, jumentos e burros - são ainda muito usadas no país como força de trabalho em pequenas e grandes propriedades agrícolas, como meio de transporte e como tração para movimentar máquinas.
Os cavalos são importantes ainda nos ramos do lazer, na área militar, no segmento desportivo e nas corridas dos jóqueis. O mercado de exportação também é expressivo. Só nos últimos dois anos, foram vendidos 80 cavalos da raça Puro Sangue Inglês, indicada para corridas de longa distância, o que rendeu ao Brasil US$ 20 milhões na balança comercial.
Motta afirmou que a proposta, já na solenidade de instalação da Câmara, foi a de reunir todo o setor produtivo para uma reunião de negócios daqui a 30 dias, com vistas a elaborar uma pauta de prioridades, pela qual se guiará a nova câmara setorial do Consagro. Uma de suas propostas será repensar onde investir 1,5% de contribuição que os jóqueis-clubes remetem ao governo, pela promoção de corridas de cavalo. A contribuição foi criada em 1944, como forma de permitir a realização de apostas.
Atualmente, 60% do valor volta para o setor de eqüideocultura na forma de projetos apresentados pelas 23 associações que compõem o segmento. Os projetos são de melhoramento genético, exames de paternidade, infra-estrutura e bolsas de estudo. O restante é dividido entre os jóqueis-clubes (35%) e profissionais da área (5%). "Vou propor, por exemplo, que esses 5% sejam destinados à capacitação profissional e também à projetos de eqüoterapia, para que o setor desempenhe ainda mais seu valor social", enfatizou o zootecnista.